quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Amarração: prática que difama a Umbanda - Douglas Fersan



No imaginário popular, quando se fala em Umbanda, muitos imediatamente pensam em práticas como amarração. Sem conhecer a Umbanda e a filosofia de respeito e amor que a norteia, imaginam que é comum entre os umbandistas usar os conhecimentos que adquirem e as energias que manipulam para obter e vender serviços como esse.

A verdade é que a Umbanda trabalha dentro dos princípios da Lei de Deus e, sendo que o próprio Criador respeita o livre arbítrio e suas criaturas, seríamos nós tão arrogantes a ponto de trabalhar para interferir nesse livre arbítrio?
E mais, sendo conhecedores da inevitável lei do retorno, seríamos tão pouco inteligentes a ponto de estabelecer essa dívida e ligações que mais tarde nos seriam cobradas?

Não se trata aqui de negar a existência da prática. Ela existe sim, e muita gente se aproveita disso para obter favores pessoas, extorquir verdadeiras fortunas daqueles que as procuram desesperadas. Essas pessoas usam o nome dos santos orixás para vender seu "produto", usam o nome da sagrada Umbanda, quando na verdade estão trabalhando com energias negativas, densas para atingir o campo energético daqueles que se encontram mais fracos e assim manipular sua vontade e sua vida. Mas que fique bem claro: isso não é Umbanda e esses aproveitadores não são umbandistas.

Nós, umbandistas, não somos perfeitos, cometemos erros comuns, como qualquer ser humano comete no dia a dia, mas não usamos o nome da nossa sagrada religião para praticar o mal, obter vantagens pessoais e extorquir os leigos. Quem age assim não pode e não deve usar o rótulo de umbandista. Como diz o velho jargão, Umbanda é coisa séria para gente séria.

Douglas Fersan

terça-feira, 15 de novembro de 2016

108 anos de Umbanda - Douglas Fersan


Há 108 anos, numa casinha simples do subúrbio do Rio de Janeiro, era anunciada oficialmente a fundação da Umbanda pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Moraes.

O culto aos orixás, as práticas ritualísticas, os conselhos dos pretos velhos e a ajuda dos exus já existia havia tempo, mas essa data tornou-se especial por oficializar perante a sociedade algo que já existia e que no entanto era marginalizado.

As portas foram abertas a todos os espíritos que quisessem trabalhar na prática do bem, independente de sua origem. Não era mais necessário ser doutor ou poeta, francês ou alemão, para trabalhar na caridade. Africanos, índios e até crianças encontraram a oportunidade de trabalhar fazendo o bem, espalhando o amor e a fé.

Tudo começou naquele casebre. E a prática continua acontecendo em vários casebres igualmente humildes, pois a Umbanda dispensa luxo e ostentação. Ela pede apenas fé, amor e honestidade. Isso basta... vamos praticar?

Douglas Fersan

domingo, 13 de novembro de 2016

Ser umbandista é cansativo - Douglas Fersan



Como é difícil ser umbandista.

Numa primeira visita a um terreiro as pessoas costumam se deslumbrar com o espetáculo que assistem - sim, porque para muitos soa como um espetáculo.  E nesse deslumbre resolvem aderir à religião.

Toda religião, quando levada a sério, requer entrega. E aí reside o problema, pois nem sempre se leva a sério o que merece tanta seriedade.  Ao primeiro arrepio o sujeito já acha que está incorporando suas entidades.  E mais: acha que a suposta entidade possui força e sabedoria acima das demais, que já trabalham com seus cavalos há tanto tempo no terreiro.

E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.

O neófito procura o pai ou mãe da casa a todo instante, pelas coisas mais fúteis, para tirar as dúvidas mais triviais.  Mas com alguns poucos mesas na gira, já se acha no direito de criticar o dirigente e até suas entidades.

E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.

Alguns mal sabem acender uma vela, mas recorrem ao "Pai Google de Oxalá" e fazem as mais estapafúrdias mazelas espirituais e acha que já tem conhecimento para criticar os mais experientes.

E quem leva a Umbanda a sério olha isso, muitas vezes se cala para evitar intrigas, mas se magoa.

Muitas vezes o médium em desenvolvimento não consegue resolver nem os próprios problemas, mas já usa o sagrado nome da Umbanda e dos orixás para resolver as intrigas pessoais e até intimidar pessoas de seu convívio.

E quem leva a umbanda a sério olha e isso e começa a acreditar que já não mais deve se calar.

Conselhos são dados.  Os mais velhos, experientes e o (a) dirigente da casa e suas entidades tentam sutilmente avisar que a pessoa está trilhando um caminho tortuoso, mas ela se faz de desentendida.

E quem leva a Umbanda a sério - em especial o (a), já não aguentando mais que usem o nome de sua sagrada crença para fins profanos, coloca a pessoa no seu devido lugar.

Aí essa pessoa deixa a casa, cuspindo no prato em que comeu, maldizendo e todos e reclamando que não foi acolhida e que faltou paciência com seu aprendizado.

E quem leva a Umbanda a sério respira fundo e parte para uma nova missão, mesmo sabendo o que o seu prêmio pode ser a maledicência e a ingratidão.  Às vezes cansa ser umbandista.

Douglas Fersan