quarta-feira, 26 de maio de 2010

Laços que a Umbanda aperta (aos umbandistas que vivem fora do Brasil) - por Douglas Fersan



Você, brasileiro, que está em Trás-os-Montes,
Em Tóquio,
Em Los Angeles...
Você brasileiro que está fora do Brasil, que sente saudade do nosso clima tropical, da nossa gente abençoada, da caipirinha, da feijoada, da roda de samba, da moda de viola, da diversidade cultural quase incompreensível que só existe aqui, deve sentir falta também da nossa religiosidade tão típica e abrangente.
Quem freqüenta um terreiro de Umbanda e está acostumado a ouvir os conselhos do preto-velho, a gargalhada do exu e o brado do caboclo, a sentir o aroma aconchegante da defumação, o toque visceral dos atabaques e a presença amiga dos orixás, certamente sente um vazio ao viajar para outro país, onde a presença desses elementos não é tão comum. Imagine então quem passa a viver definitivamente em outro país.
Sabemos que a Umbanda é praticada em várias regiões do mundo, no entanto o Brasil é a sua morada principal. É aqui que ela encontra todos os elementos étnicos, físicos, naturais, culturais e espirituais para plantar a semente da paz, da fé e da caridade nos corações. É no solo brasileiro que o preto-velho pisou com seus pés calejados e cansados, mas sempre dispostos a caminhar em direção à luz de Oxalá. Foi pelas matas de Oxossi que o caboclo bradou e lutou para manter viva a sua cultura milenar, a sua sabedoria nativa. Foi pelos campos brasileiros que as crianças brincaram, espalhando sua inocência sábia e curiosamente pueril.
A espiritualidade não é privilégio do Brasil. Em qualquer canto do mundo haverá espíritos empenhados em praticar o bem, em prestar a caridade e auxiliar o homem na sua caminhada em direção ao progresso. Mas no Brasil temos toda uma aura mágica que faz as coisas acontecerem de uma forma mais intensa, que transcende os limites geográficos, que certamente não existem na espiritualidade e que cada povo emana à sua maneira, segundo seus costumes e crenças, mas que paira radiante sobre o espaço brasileiro.
A Umbanda não deixa seus filhos, por mais longe que estejam. Mesmo que em um país distante, onde seja praticamente impossível encontrar um terreiro, uma vela vermelha e preta e jogar flores a Iemanjá, os filhos de Umbanda estarão ligados a ela por ços espirituais apertados, bem como a seus irmãos-de-fé, que daqui das terras tupiniquins torcem pelo sucesso dos que se aventuraram por outras terras.
Laços que a Umbanda aperta não se desfazem facilmente. Nem o tempo e nem a distância são capazes de separar irmãos que se uniram pelos laços sagrados e fraternos que unem cada filho-de-fé que leva ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá.
Daqui de nossa terra tão sofrida, mas tão abençoada, vibramos amor fraterno e saudade a todos os irmãos que se encontram distantes e saudosos do clamor poderoso dos atabaques. Que Oxalá ilumine seus passos por esse mundo tão longínquo.
Que Ogum abra seus caminhos que Exu afaste todos os perigos.

Escrevi esse pequeno texto em homenagem a todos os irmãos-de-fé que estão em outros países, com saudade da nossa querida Umbanda, pois notei que diariamente o blog é visitado por pessoas de outros países..

E em especial para você, Bia (Fabiana Rondon), que está com o coração apertadinho aí em Portugal.
Douglas Fersan – 25/05/2010

3 comentários:

Unknown disse...

Ai que lindo!!!...adorei a homenagem e fiquei muito emocionada...amo a minha religião e com certeza sinto meu coraçao muito apertado qdo chega o sabado dia dos nossos encontros...

Douglas Fersan disse...

Saudades de você, Bia.
Quem sabe, caso você não volte, a gente acabe até realizando uma gira aí em Portugal. Vamos em bando para uma gira portuguesa com certeza...

Beijos.

Unknown disse...

oi pra todos!!!
sou umbandista uruguaia e o ano passado tive meses fora do Uruguai e ficando em Portugal tive o enorme prazer e alegría de achar um terreiro no cual senti.me como em casa!!!
Fabiana se vc quiser de uma olhada no site: www.atupo.com