quinta-feira, 27 de novembro de 2014

A luz está entre nós - por Douglas Fersan


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Raramente vamos além dos que os olhos podem ver.
Nossa visão e pensamentos são minimalistas, não conseguem enxergar o que vai além da visão material. Quando entramos numa casa espiritual, mais especificamente de Umbanda, vemos a tronqueira - o ponto de força dos guardiões - o congá, as imagens dos santos e orixás que decoram o ambiente.

Mas um trabalho espiritual vai muito além disso, vai muito além do que nossos olhos carnais podem ver.

Horas antes da abertura dos trabalhos, as egrégoras que cuidarão do bom desempenho da sessão espiritualista já começam a trabalhar. O ambiente passa por uma faxina astral, na qual miasmas, negatividades de toda natureza, larvas astrais e espíritos indesejados são retirados do local.

Porém nós, seres encarnados, somos impuros e carregamos a nossa gama de negatividade que acumulamos entre um trabalho e outro. Mesmo que tomemos os devidos cuidados, com banhos de ervas e limpezas astrais, carregamos energias indesejadas também. Com a chegada dos trabalhadores da casa e principalmente da assistência, que procura ajuda, novas energias adentram a casa espiritual. Para que uma nova faxina astral aconteça, é que fazemos as preces de abertura, pedimos a proteção dos guardiões e fazemos a defumação. Assim o ambiente estará preparados para receber nossos orixás e mentores com a força necessária para ajuda espíritos encarnados e desencarnados que buscam auxílio.

São poucos os médiuns que possuem o com da clarividência, mas esses poucos relatam a presença de seres rodeados de luz (outros mal possuem forma humana, sendo quase que pura energia luminosa), trabalhando, orientando e amparando os que ali se encontram.  E justamente por estar na presença desses seres tão iluminados é que temos o dever de observar algumas regras de comportamento: manter o respeito no local, evitar palavras e pensamentos negativos e maledicentes, preservar o silêncio, evitar fofocas e conversas paralelas de qualquer tipo e, principalmente, entrar com o coração puro e humilde, cientes de que somos meros aparelhos intermediários para esses seres de luz. Não somos nós os responsáveis pelas curas e soluções dos problemas das pessoas, somos meros colaboradores, infinitamente inferiores à magnitude moral desses seres de luz que nos amparam e conduzem nosso trabalho. Portanto, umbandista, dispa-se de seu orgulho e vaidade, lembre-se que você é um grãozinho de areia ainda em lapidação na tarefa de auxiliar no progresso a fim de ser o reflexo onde deve se refletir a imagem da fé e da caridade pura.

Douglas Fersan
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segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Exu Mirim - Você o compreende? - Por Douglas Fersan


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Exu Mirim - você o compreende?

Provavelmente uma das linhas mais controvertidas da Umbanda, os exus mirins marcam não passam despercebidos quando passam pelos trabalhos nos terreiros. Agitados, brincalhões, teimosos, chamam a atenção dos consulentes por esse comportamento extrovertido, porém nem sempre são compreendidos.

Representando a esquerda do lado esquerdo da Umbanda, quase sempre são associados a crianças de rua, menores infratores e arquétipos semelhantes, como se representassem um lado ruim da espiritualidade.  Há quem os veja como espíritos de encantados, ou seja, que nunca viveram na terra.  A realidade é que muito pouco se sabe sobre essa linha, o que explica o fato de muitos terreiros de Umbanda não trabalharem com eles.

Na verdade, esses trabalhadores estão para os exus como os erês (ou como alguns preferem chamar, os cosminhos) estão para os pretos velhos. porém mostrando um lado infantil ainda em lapidação, porém com potencial para trabalhar como toda a esquerda que se manifesta na Umbanda.

O exu mirim carrega um fardo ainda maior que o exu "adulto", pois é menos compreendido que esse.  A associação feita entre ele e elementos negativos da sociedade somam-se ao processo de demonização que ocorre com exu desde tempos históricos.  O que se esquece no entanto, é que esses "pequenos" espíritos são grandes trabalhadores, sempre realizando que se dispõem a fazer, por isso é muito importante e de muita responsabilidade do médium e do consulente ao tratar com essas entidades, pois estando ainda em "lapidação" como muitos acreditam, podem ser usados para atender interesses escusos. Porém não se deve jamais esquecer a lei do retorno, segundo a qual para toda ação existe uma reação - reação essa que pode partir inclusive do próprio exu mirim ao perceber que foi usado de forma errada e que isso pode de alguma forma ter atrapalhado a sua caminhada espiritual.  São excelentes para desmanchar feitiços e magia negra, pois caminham com facilidade pelos campos astrais negativos, os quais conhecem bem e percorrem com desenvoltura.

Também é importante atentar ao fato de que quando se promete alguma coisa a um mirim é importante cumprir. Como uma criança teimosa, à qual temos o dever de cumprir uma promessa, senão a teremos nos cobrando constantemente, o mesmo acontece com eles.

Lembre-se portanto: exu mirim adora brincar. Mas não é de brincadeira.

Douglas Fersan
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terça-feira, 18 de novembro de 2014

A Umbanda não precisa de super-heróis - por Douglas Fersan

Humildade e caridade: provavelmente são os dois termos que mais se ouve na Umbanda. Constantemente somos lembrados que precisamos praticar a caridade e ser humildes. Ótimo, mas até que ponto realmente colocamos isso em prática?

Acredito que a caridade praticada sem a humildade torna-se vã para aquele que busca a evolução através dela.  De que adianta dar passagem às suas entidades, permitir que seu corpo seja um aparelho para que elas ajudem as pessoas e depois cantar aos quatro ventos os seus super-dons mediúnicos?

A Umbanda não precisa de super-heróis. Não precisa de entidades que baixem no terreiro já dizendo "Eu sou a entidade tal e sou chefe da falange" - chefe?  Suponhamos que seja realmente, mas será que a entidade tem necessidade disso ou será que isso é vaidade do médium?

Da mesma forma a Umbanda não precisa de entidades que ficam dando demonstração de força, que se viram para a assistência e dizem para uma determinada pessoa: "você não me conhece, mas vou falar tudo sobre você".  Mais uma demonstração de que o médium - e não a entidade precisa chamar a atenção. Acredito nos dons das entidades e as respeito muito, mas não consigo engolir a postura de certos médiuns.

Da mesma forma não precisamos de diplomas ou títulos. Quem realiza os feitos são as entidades, nós somos meros instrumentos mediadores. Quem muito quer exibir seus títulos é porque confia mais neles do que na espiritualidade. Lembremos das mães-de-santo do passado, analfabetas, mas que detinham grande conhecimento sobre a espiritualidade, suas mirongas e magias.  Hoje por um valor financeiro até irrisório compra-se um diploma de pai ou mãe-de-santo, e isso não te faz melhor que ninguém.  O que te faz um verdadeiro dirigente de uma casa espiritual é a sua postura ética, e isso não são as suas entidades que vão lhe dar, por melhores que sejam. Se você não te ética, não sabe tratar as pessoas com respeito e educação, se não sabe orientar as pessoas com a mesma humildade que um dia necessitou para aprender, se você não tem a firmeza de segurar as demandas contra você e os filhos da casa (lembrando que as demandas muitas vezes vêm através do pensamento, da língua ferina , em tempos de internet, através dos dedos desocupados e covardes também, que digitam quaisquer impropérios contra seus desafetos), você pode ter o título que for, mas de nada adiantará se não tiver humildade, pois sem ela, na Umbanda, você não é ninguém, é só mais um número.

Lembre-se que para aprender a andar um dia você engatinhou. Somente aquele que sabe ajoelhar para aprender um dia terá maturidade para liderar. Lembre-se também que a Umbanda precisa de médiuns verdadeiros. Quem precisa de super-heróis é a Marvel Comics.

Douglas Fersan
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terça-feira, 4 de novembro de 2014

Incorporação fora do terreiro - por Douglas Fersan


INCORPORAÇÃO FORA DO TERREIRO

Esse é um tema que tenho debatido muito com os filhos-de-fé da nossa casa (Lar de Preto Velho).  Nós, umbandistas de coração, temos uma necessidade quase fisiológica de auxiliar alguém quando o encontramos em dificuldades.  Quem de nós já não teve vontade de auxiliar alguém necessitado, ansioso por fazer o bem, a ponto de não aguentar esperar o dia da gira para isso?  Quem nunca pensou em incorporar as suas entidades em casa, ou na casa da pessoa necessitada ou até mesmo em outro lugar a fim de auxiliar o mais breve possível?

Atire o primeiro pó de pemba quem nunca pensou assim.

A intenção é ótima, não resta dúvida. Mas nem sempre as boas intenções são sinônimo de bons resultados.  Conheço inúmeros relatos de casos em que a tentativa de ajudar foi desastrosa para ambas as partes: para o que buscava ajuda e também para o médium.

"Ah, minhas entidades são fortes e minha fé é firme" - dirão alguns. Não tenho dúvidas quanto a isso. Mas pergunto: e os eguns e quiumbas que você (e suas entidades) vai encarar são fracos? Você tem noção da força deles?  Lembre-se que não são apenas os "bonzinhos" que têm força e firmeza.

Outro detalhe para refletir: se fosse para incorporar as entidades em casam (ou na casa do consulente), qual a necessidade de existir um terreiro, com tronqueira, congá e corrente mediúnica firmada? Se temos tudo isso num terreiro é porque lá é o lugar da incorporação e do atendimento acontecer. Se pensarmos o contrário - salvo casos de extrema necessidade - vamos fechar os terreiros e abolir os fundamentos da Umbanda, pois tudo isso passa a ser desnecessário.

Mas vamos ao que realmente interessa. Dar atendimento e incorporar fora do terreiro equivale a nadar em um rio de piranhas famintas. Imagine as falanges de espíritos sofredores, zombeteiros, trevosos, malfeitores, quiumbas e energias nefastas que o acompanharão e, provavelmente ficarão em seu lar. Sensações desagradáveis como mal estar, doenças, desarmonias não tardarão a surgir. E quem é o culpado disso? As suas entidades que se deixaram incorporar em qualquer lugar? Não, elas estão sempre dispostas a ajudar, independente da hora ou lugar.  O culpado é você, que abriu as portas da sua vida e da sua casa para essas energias.

Mais que isso... você levará problemas não apenas para sua vida, sua casa e sua família. Levará problemas também para os seus irmãos-de-fé no terreiro, pois quando lá chegar, em dias de gira, estará carregado com essas energias. E bem sabemos que uma gira funciona como uma grande engrenagem. Quando uma das peças apresenta defeito, todo o mecanismo tende a falhar. Em outras palavras, todos os seus irmãos-de-fé sentem a baixa energia que chega na casa, e a gira tende a não correr da forma esperada.

E não adianta dizer que antes de fazer o antedimento domiciliar você firmou vela para seu anjo da guarda e para sua esquerda. Terreiro é terreiro. Ambiente familiar é morada de espíritos encarnados e não pronto socorro espiritual. Pense em tudo isso. Pense nos prejuízos que você pode levar a si próprio e à sua família.  Lugar de manifestação de orixás e entidades é no terreiro, salvo exceções. como casos de saúde, em que o doente está totalmente impossibilitado de se locomover. O resto é vaidade do médium. E é justamente a vaidade que costuma derrubar os melhores médiuns.

Respeitar essa regra é respeitar a si mesmo, é respeitar a hierarquia da sua casa, é respeitar o consulente (pois você não é detentor da verdade e não tem a certeza de que irá resolver os problemas dele), é respeitar seus irmãos-de-fé, é respeitar o nome do terreiro que frequenta e é respeitar, acima de tudo, os seus orixás e as suas entidade.

Douglas Fersan
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segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Finados... fim de quê? - por Douglas Fersan


Finados? Fim de quê?
Algumas datas e situações são tratadas como sagradas. Uma aparente aura imaculada, na verdade um tabu, parece pairar sobre determinados assuntos, cuja contestação parece ofender as mais profundas tradições.

É óbvio que tenho muito respeito pela dor alheia, assim como respeito também a forma como ela se manifesta em datas como o dia de finados. Mas não consigo me comover com essa data.

Talvez alguém se espante com o fato de um umbandista dizer que não se abala com o dia de finados. Mas entendo o termo “finado” como algo que se esgotou, que chegou ao fim, que não existe mais. E a existência daqueles que amei e continuo amando não chegou ao fim, pelo menos não acredito nisso. E o fato de ser umbandista só reafirma essa minha convicção.

Tive uma ligação muito forte com meus pais, mas nem por isso me abalo no dia dos pais ou das mães. Além de saber que são datas criadas com fins comerciais, tenho meus pais em grande estima todos os dias, mesmo eles já tendo feito sua passagem há tantos anos. A saudade que sinto deles é a mesma, independente da data.

Mas o dia de finados constitui algo diferente, ao mesmo tempo mórbido e especial. Longe de querer criticar quem se comove e se mobiliza nesse dia (afinal cada um tem sua forma individual de manifestar os sentimentos), mas não consigo me inserir nessa peregrinação aos cemitérios a fim de manifestar a saudade e o respeito àqueles que partiram para o plano espiritual. Como umbandista não vejo a morte como um fim, e sim como uma etapa inevitável e talvez sucessiva, dependendo do progresso moral de cada um. Vejo o ser humano, a mais complexa criação divina, como algo muito além da matéria – pensamento e espírito são, na minha concepção, coisas que transcendem o fim da carne, que sobrevivem a qualquer revés e, mesmo que não atingindo os graus mais elevados da chamada evolução, continuam a existir. Sendo assim, o que me levaria a peregrinar a um cemitério a fim de cultuar a única parte que acredito não ser eterna no ser humano? Não me faz sentido.

Prefiro tratar bem, com respeito e amor, aqueles que me são caros ainda em vida, do que levar-lhes flores em datas pré-estabelecidas após sua morte. Não quero reverenciar e amar uma lápide, prefiro dedicar meu tempo e meus sentimentos àqueles que amo enquanto ainda posso vê-los e tocá-los. Após partirem, vou continuar a amá-los, mas demonstrarei isso através das minhas preces e dos meus pensamentos, que serão diários e feitos em qualquer lugar, não necessariamente num cemitério. Aqueles que amo não findam, não acabam, nunca serão finados, pois tenho convicção na continuidade de sua existência, ainda que ela não seja tangível para mim.

Creio também que a paz daqueles que partiram depende da paz que aqueles que aqui ficaram os permitam ter. Sofrer a perda de alguém amado e chorar essa dor é natural e justificável. O que não é correto, sob o meu ponto de vista, baseado em tudo que aprendi até o momento, é cultuar o sofrimento e a dor da separação. Isso aprisiona quem deve partir e não liberta quem permanece na terra, que fica prisioneiro da própria dor.

A Umbanda me dá a fé e a força para seguir adiante, na luta cotidiana, mesmo sem a força dos entes queridos que me davam sustentação. E essa força recebo todos os dias, através da fé, dos orixás, das entidades e, quem sabe, até mesmo desses entes queridos, que quiçá já tenham atingido a luz necessária para me levantar quando preciso. E essa força eu encontro no elo que ainda me liga a eles, independente do dia ou do lugar. Encontro essa força porque a Umbanda me dá a certeza de que não existem finados. Existe a força infinita do amor, que mantém sempre unidas as pessoas que se amam verdadeiramente.

Salve todos nossos ancestrais, vivos em nossas tradições e corações.
Salve o amor infinito que une o mundo espiritual e o material.
Saravá a Umbanda.

Douglas Fersan
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sábado, 1 de novembro de 2014

Pai Nosso de Yogananda


O PAI NOSSO DE YOGANANDA
Pai, Mãe, Amigo e Bem Amado Deus. . .
Que a pronunciação incessante e silenciosa do Teu
Sagrado nome, conduza-nos à Tua semelhança.
Inspira-nos, para que a nossa adoração as coisas materiais,
se transforme em adoração à Ti.
Que através da pureza de nossos corações,
possa Teu reino de perfeição vir
à terra e liberar todas as nações do sofrimento.
Que a nossa vontade se torne mais forte ao vencer os desejos mundanos e 
sintonize-se afinal com Tua vontade perfeita.
Dá-nos o pão de cada dia, alimento, saúde e prosperidade
para o corpo; eficiência para a mente e sobretudo, 
Teu amor e sabedoria para a alma.
É tua lei que diz:
“Com a mesma medida com que medirdes, também vos medirão”.
Que possamos perdoar aqueles que nos ofendem, 
sempre atentos à nossa própria necessidade 
de Tua imerecida misericórdia.
Não nos abandones no abismo das tentações em que caímos, 
pelo mal uso que temos feito da razão que nos concedeste.
E quando for Tua vontade submeter-nos à prova, oh Espírito,
permite-nos compreender que Tu és muito mais fascinante
do que qualquer tentação terrena.
Ajuda-nos a livrar-nos das tenebrosas
cadeias do nosso único mal: não conhecer-Te.
Porque Teu é o Reino, o Poder e a Glória
pelos séculos e séculos.

Amém