quarta-feira, 31 de julho de 2013

Medicina reconhece obsessão espiritual - por Dr Sérgio Felipe

 A obsessão espiritual como doença da_alma, já é reconhecida pela Medicina. Em artigos anteriores, escrevi que a obsessão espiritual, na qualidade de doença da alma, ainda não era catalogada nos compêndios da Medicina, por esta se estruturar numa visão cartesiana, puramente organicista do Ser e, com isso, não levava em consideração a existência da alma, do espírito.
        No entanto, quero retificar, atualizar os leitores de meus artigos com essa informação, pois desde 1998, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o bem-estar espiritual como uma das definições de saúde, ao lado do aspecto físico, mental e social. Antes, a OMS definia saúde como o estado de completo bem-estar biológico, psicológico e social do indivíduo e desconsiderava o bem estar espiritual, isto é, o sofrimento da alma; tinha, portanto, uma visão reducionista, organicista da natureza humana, não a vendo em sua totalidade: mente, corpo e espírito.
        Mas, após a data mencionada acima, ela passou a definir saúde como o estado de completo bem-estar do ser humano integral: Fisiológico, psicológico e espiritual.
        Desta forma, a obsessão espiritual oficialmente passou a ser conhecida na Medicina como possessão e estado de transe, que é um item do CID - Código Internacional de Doenças - que permite o diagnóstico da interferência espiritual Obsessora.
        O CID 10, item F.44.3 - define estado de transe e possessão como a perda transitória da identidade com manutenção de consciência do meio ambiente, fazendo a distinção entre os normais, ou seja, os que acontecem por incorporação ou atuação dos espíritos, dos que são patológicos, provocados por doença.
        Os casos, por exemplo, em que a pessoa entra em transe durante os cultos religiosos e sessões mediúnicas não são considerados doença.
        Neste aspecto, a alucinação é um sintoma que pode surgir tanto nos transtornos mentais psiquiátricos - nesse caso, seria uma doença, um transtorno dissociativo psicótico ou o que popularmente se chama de loucura bem como na interferência de um ser desencarnado, a Obsessão espiritual.
        Portanto, a Psiquiatria já faz a distinção entre o estado de transe normal e o dos psicóticos que seriam anormais ou doentios.
        O manual de estatística de desordens mentais da Associação Americana de Psiquiatria - DSM IV - alerta que o médico deve tomar cuidado para não diagnosticar de forma equivocada como alucinação ou psicose, casos de pessoas de determinadas comunidades religiosas que dizem ver ou ouvir espíritos de pessoas mortas, porque isso pode não significar uma alucinação ou loucura.
        Na Faculdade de Medicina DA USP, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico, que coordena a cadeira (HOJE OBRIGATÓRIA) de Medicina e Espiritualidade.
        Na Psicologia, Carl Gustav Jung, discípulo de Freud, estudou o caso de uma médium que recebia espíritos por incorporação nas sessões espíritas.
        Na prática, embora o Código Internacional de Doenças (CID) seja conhecido no mundo todo, lamentavelmente o que se percebe ainda é muitos médicos rotularem todas as pessoas que dizem ouvir vozes ou ver espíritos como psicóticas e tratam-nas com medicamentos pesados pelo resto de suas vidas.
        Em minha prática clínica (também praticada por Ian Stevenson), a grande maioria dos pacientes, rotulados pelos psiquiatras de "psicóticos" por ouvirem vozes (clariaudiência) ou verem espíritos (clarividência), na verdade, são médiuns com desequilíbrio mediúnico e não com um desequilíbrio mental, psiquiátrico. (Muitos desses pacientes poderiam se curar a partir do momento que tivermos uma Medicina que leva em consideração o Ser Integral).
        Portanto, a obsessão espiritual como uma enfermidade da alma, merece ser estudada de forma séria e aprofundada para que possamos melhorar a qualidade de vida do enfermo.

Dr. Sérgio Felipe é médico psiquiatra que coordena a cadeira de Medicina e Espiritualidade na USP.

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terça-feira, 23 de julho de 2013

Saluba Nanã Buruquê - por Douglas Fersan (republicação)



Comemora-se, tradicionalmente em 26 de julho, o dia de Nanã Burukê, a mais velha das orixás. A velha iabá, de originária do Daomé (atual Benin) e sincretizada com Sant’Ana, teria recebido do “Orun” (mudo espiritual), a tarefa de reger a lama. Num primeiro momento, isso pode parecer até mesmo uma informação supérflua, sem utilidade alguma, no entanto, um estudo mais minucioso sobre as características dessa iabá nos revela muita coisa.

A lama representa a união das águas com a terra, portanto, a junção de dois importantes reinos da natureza, responsáveis inclusive pela criação e preservação da vida tal qual conhecemos. O equilíbrio proveniente da união dessas duas forças naturais nos remete diretamente ao arquétipo de Nanã Buruquê, marcado pela seriedade, sabedoria, experiência, serenidade e ponderação dos mais velhos. Mas, é dos mais velhos também que carrega consigo a teimosia e a obstinação, chegando a ser intransigente em suas opiniões. Prova disso é que foi a única entre todos os orixás a não reconhecer a supremacia de Ogum sobre o reino dos metais.

Contam as itans (lendas africanas sobre os orixás) que quando Oxalá recebeu de Olurum a tarefa de criar os homens, tentou fazê-los a partir do ar (mas eles desmancharam-se no vento), do fogo (porém eles rapidamente pereceram, devido ao caráter efêmero desse elemento), da água (tentativa que falhou, pois eles evaporavam), da terra (mas eles ficavam duros, imóveis), até que Nanã veio em seu auxílio e apresentou-lhe a lama, material a partir do qual todos os homens foram moldados com sucesso. Assim, a velha orixá está ligada ao princípio da criação, da própria vida. Mas assim como deu a matéria para dar início à vida, Nanã a quer de volta após a ela esgotar-se. Dessa forma, associa-se Nanã também ao fim, à própria morte.

Portanto, Nanã Buruquê é a orixá da vida e da morte. Deu a vida com a sua lama abençoada, e acalenta os mortos na sua terra fofa, tal qual o útero materno, até que sejam decantados para voltar à vida (reencarnação). No entanto, a morte não representa o fim de tudo. Para os que acreditam na sobrevivência do espírito após o fim do corpo material, a morte representa o início de uma nova etapa, de um novo aprendizado, é um recomeço – fato esse que Nanã nos possibilita através do seu encantamento.

Pelo seu caráter sério e austero, Nanã Buruquê é um dos orixás mais respeitados nos cultos de Umbanda e Candomblé. A ela deve-se dá o tratamento respeitoso que os idosos merecem, reverenciando sua autoridade e sabedoria. A saudação “Saluba Nanã” (originalmente "Sálù bá Nàná"), entoada pelos filhos-de-fé quando essa venerável iabá adentra os terreiros significa “nos refugiamos em Nanã”, nos mostrando a outra face dessa senhora: a avó carinhosa, sempre disposta a abrigar os filhos e netos em seu colo macio e aconchegante.

Em 26 de julho comemoramos o dia de Nanã Buruquê. Que a bondosa iabá derrame suas bênçãos sobre cada um de nós, nos dando a sua serenidade, sabedoria e tolerância, para que possamos olhar nossos irmãos com olhos mais benevolentes e tolerantes, construindo assim uma cultura de paz.

Saluba Nanã.

Douglas Fersan

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terça-feira, 16 de julho de 2013

O maior templo de Umbanda - por Douglas Fersan


Seu corpo é um templo divino. 

É onde habita seu espírito que tem, através dele, a oportunidade de evoluir.  

Da mesma forma que um templo religioso deve estar limpo, bem cuidado e livre de impurezas para que as manifestações espirituais nele ocorram da forma esperada e satisfatória, seu corpo deve estar devidamente higienizado para que sua caminhada espiritual (e também material) se dê de maneira positiva.

Conspurcar sua matéria com substâncias tóxicas (lícitas ou ilícitas), além de prejudicar a saúde física, abre brechas para que obsessores se aproximem e aprofundem cada vez mais seu organismo no vício e, obviamente, vícios tornam-se imensos obstáculos para a evolução moral e espiritual.

O tabagismo, o alcoolismo e o uso de substâncias ilícitas se tornam crostas de sujeira espiritual, criando um círculo vicioso entre o usuário encarnado e o obsessor espiritual, que se farta de toda essa imundície a fim de manter seu vício.  Assim, o encarnado emperra sua própria evolução e, por outro lado, ajuda a manter o obsessor perto de si , mantendo também o vício dele.  Enquanto isso, o obsessor, em sintonia com o encarnado, mantém com ele uma ligação psíquica, reforçando sua submissão em relação ao vício.

Todo vício é uma escravidão: comida, sexo, jogo, álcool, tabaco, maconha, cocaína, crack...  Porém alguns são mais agressivos ao corpo e à sociedade, por isso necessitam de cuidados maiores.

Provavelmente alguém dirá que na Umbanda se faz uso de tabaco e bebidas alcoólicas e que, portanto, não faz sentido uma página umbandista discorrer sobre o assunto.  Nesse aspecto vale lembrar que o uso dessas substâncias nos rituais de Umbanda são puramente ritualísticos, tendo como objetivo a defumação e a dispersão de energias indesejadas.  Justamente por isso não devem ocorrer exageros no uso do cigarro, charuto e bebidas durante as giras de Umbanda, já que os espíritos que ali se manifestam não são viciados e o corpo físico do médium deve ser respeitado e preservado.  Qualquer exagero cometido nos rituais caracteriza falta de doutrina, mistificação por parte do médium ou manifestação de espíritos que não são nossos mentores, e sim zombeteiros que se valem da situação para satisfazer seus vícios.

Seu corpo é o maior templo espiritual que existe.

Seu corpo é o maior templo de Umbanda que existe. E assim como você gosta de chegar ao seu terreiro e encontrá-lo limpo para os trabalhos, seus orixás também esperam isso de você em relação ao seu corpo, pois é nele que irão se manifestar, trabalhar, prestar a caridade e auxiliá-lo na sua evolução.  Em corpo maculado pelo vício, tomado por obsessores, dificilmente haverá manifestações de orixás e entidades de luz.
Cuide do seu corpo: é nele que você habita e seus orixás se manifestam.

Douglas Fersan
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terça-feira, 9 de julho de 2013

Ervas na Umbanda: Arruda - Por Douglas Fersan



Uma das ervas mais comuns na Umbanda. Seu uso é feito através da defumação e de banhos e as partes utilizadas são as folhas. Sua principal função é fazer a limpeza astral e afastar as energias negativas. É uma erva de Oxóssi, mas também muito utilizada pelos pretos velhos. Há quem diga que a arruda funciona como um "termômetro espiritual", ou seja, quando as energias do ambiente estão equilibradas, suas folhas e galhos se mantêm vivas e empinadas. Quando o ambiente está carregado de energias negativas, ela tende a absorvê-las, por isso fica murcha e pode secar. Trata-se de uma das chamadas "ervas quentes", ou seja, aquelas que têm a propriedade de realizar limpezas energéticas mais pesadas.

Douglas Fersan
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terça-feira, 2 de julho de 2013

Ervas na Umbanda - Espada de São Jorge - por Douglas Fersan


A espada de São Jorge (ou espada de Ogum) possui a propriedade de neutralizar energias negativas nos ambientes, justamente por isso está sempre presente nos terreiros de Umbanda e nas casas dos umbandistas.  De origem africana, é altamente resistente ao sol, ao calor e à fata de água. É muito usada pelas entidades para dar passes nos consulentes e também, embora em menor proporção, em banhos. O simples fato de ter um vaso com espada de São Jorge já ajuda a afastar e neutralizar energias indesejadas. Nome científico: Sansevieria Zeylanica Willd.

Douglas Fersan
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