terça-feira, 5 de outubro de 2010
A História da Umbanda - um serviço de Alexandre Cumino à comunidade umbandista
Como contar a história da Umbanda, uma religião tão paradoxal?
Antes que me critiquem por dizer que a Umbanda é paradoxal, é preciso apresentar argumentos que justifiquem tal afirmação. Ao mesmo tempo em que tem suas raízes aprofundadas nas tradições populares, a Umbanda cada vez mais vem se elitizando e exigindo conhecimento – adquirido principalmente nos terreiros, aos pés das entidades, mas de outras fontes também. Mesmo tendo surgido entre as camadas mais populares da sociedade, hoje é possível observar a existência de inúmeros letrados nos terreiros. Ao mesmo tempo em que se confunde com a história da formação cultural brasileira, a Umbanda tem a sua própria história mergulhada num obscurantismo que gera dúvidas e até controvérsias entre seus seguidores.
Isso diminui a Umbanda ou faz dela uma religião ilógica?
De maneira alguma. Toda centelha que acenda o debate é importante no sentido de enriquecer o conhecimento sobre o assunto, e esses pequenos detalhes não mudam a essência da Umbanda, que reside na prática do bem, da caridade verdadeira, na oportunidade de espíritos encarnados e desencarnados trabalharem no auxílio dos necessitados e no próprio progresso ético e moral.
No entanto, um resgate da história da Umbanda se faz necessário – não se trata aqui da velha polêmica de codificar ou estabelecer paradigmas doutrinários aos cultos umbandistas, e sim de manter viva a memória de nossos cultos e de nossa crença, para que ela seja respeitada como tal, e não tratada como folclore ou crendice.
Independente da forma como cada casa realiza seu culto (pois bem sabemos que cada terreiro é um universo umbandista), é de vital importância que saibamos quem somos, de onde viemos e de que forma construímos nossas tradições. O universo dos orixás e das entidades de Umbanda ainda constitui um mistério para grande parte da população e, arrisco dizer, até mesmo para alguns umbandistas. Foram poucos os trabalhos que primaram pela memória da crença do chamado “povo do santo”; cito, sem medo algum de errar, os nomes de Pierre Verger e Reginaldo Prandi (autor do belíssimo A Mitologia dos Orixás, fruto de uma preciosa e admirável pesquisa), no entanto esses dois autores têm seu trabalho mais voltado para o Candomblé, o que não deixa de ser útil e pertinente aos nossos estudos, mas a Umbanda ainda fica um pouco órfã de uma literatura séria sobre suas origens.
A fim de preencher essa lacuna, nesse ano foi lançada a obra “A História da Umbanda – Uma Religião Brasileira”, do já conhecido e respeitado sacerdote Alexandre Cumino, autor de outros livros, como “Deus, Deuses e Divindades” e “Deus, Deuses, Divindades e Anjos”.
Não se trata de apenas mais um livro sobre Umbanda. Esses existem às dezenas e quase todos de qualidade duvidosa. Trata-se do resultado de um estudo histórico, concluído através de pesquisas e entrevistas, ou seja, é um trabalho sério, um verdadeiro serviço aos umbandistas.
Autor não apenas de livros, arrisco dizer que Alexandre Cumino é o maior divulgador da Umbanda na atualidade, principalmente através do JUS – Jornal de Umbanda Sagrada – um periódico gratuito de excelente qualidade e conteúdo e que tem esclarecido muitos irmãos-de-fé em algumas questões, além de desmistificar a nossa religião para os leigos, que graças à sua leitura, deixaram de nos tratar como feiticeiros ou meros “macumbeiros”, enxergando parte da riqueza de nossa crença e rituais.
Que a honestidade e a seriedade com que Alexandre Cumino trata a Umbanda em sua vida e, especialmente no seu novo livro, sejam o ponto de partida para que outros irmãos valorizem a religião e lutem pela sua memória e dignidade, levando ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá.
Douglas Fersan – outubro de 2010.
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7 comentários:
A Umbanda tem sim sua Historia,sua raiz, mais foi tomada por varios charlatões, que estão na Umbanda por que acham que é uma religião mais facil de conduzuir fuzindo de seus preceitos e sua conduta.
Umbanda não tem sangue, não trabalha com feitiço. basta também nos não permitir isso, não deixando usar o nome Umbanda.
Não existem livros às dezenas sobre a história da Umbanda, pois só existem na atualidade dois historisdores. O primeiro, com 4 livros publicados sobre o tema é Diamantino Fernandes Trindade. O outro, bem recente, o meu irmão Alexandre Cumino. Então fica a dúvida qual é de qualidade duvidosa?
Diamantino Fernandes Trindade
Caro Diamantino.
É um prazer que tenha visitado o blog, cujas "portas" estarão sempre abertas a ti.
Veja bem, eu momento algum eu escrevi que existem dezenas de livros sobre a HISTÓRIA da Umbanda, e menos ainda, disse que os que existe são de qualidade duvidosa.
Eu escrevi que existem livros sobre Umbanda de qualidade duvidosa, e mantenho minha afirmação, pois realmente existem livros que constituem verdadeiras agressões ao culto. Um livro do tipo "Faça sua própria macumbinha", é, no mínimo, de qualidade duvidosa.
Sou historiador e sociólogo, o que me faz ter uma obrigação com a veracidade das coisas que falo ou escrevo, por isso reafirmo: não escrevi que os livros sobre a HISTÓRIA da Umbanda são de qualidade duvidosa, e sim que existem livros de Umbanda de qualidade duvidosa.
Peço que observe meu texto com mais carinho e verá que em momento algum insinuei tal situação.
Agradeço de puder reler e fazer novo comentário.
Saravá.
Parece que o sr Diamantino se sentiu enciumado e não perdeu a oportunidade de se auto-promover.
Feio isso.
Estou lendo o livro e estou gostando muito.Tem uma sensibilidade e uma abertura de visão que vale a pena experienciar! Vai muito além do que é verdade ou não, certo ou errado, feio ou bonito...
Historiadores de verdade não corrompem a própria história e a reescrevem ao prazer de suas próprias mentes. Estes historiadores falaciosos negam seu passado e omitem importantes fatos, procurando, como fizeram outros falsários do passado, "reescrever" a história da Umbanda para que só perpasse o que interessa: o dinheiro fácil e espiritualidade de balcão.
Um abraço, Douglas e obrigado pela liberdade de opinião e pela sua postura de dizer verdade, coisa que tem faltado a certos escritores sem memória.
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