quinta-feira, 11 de novembro de 2010
Estudar a Umbanda? - por Douglas Fersan
Estudar a Umbanda... eis um tema que sempre desperta as mais variadas paixões e discussões calorosas. Deve o umbandista estudar a sua religião?
Existem aquelas correntes que defendem a idéia de que só se aprende a Umbanda nos terreiros, aos pés das entidades. Mas existem também aqueles que defendem o seu estudo sistemático, até mesmo em faculdades ou colégios destinados a isso. Quem tem razão?
Certamente o bom senso, sempre ele.
Uma gira de Umbanda é um momento dinâmico, no qual nem sempre há tempo para se sentar ao lado das entidades e fazer-lhes perguntas sobre a filosofia da nossa religião, assim, muitos que frequentam as giras sistematicamente não conseguem tempo - ou mesmo não têm a consciência da necessidade do estudo - para conversar com um preto-velho, um caboclo ou exu e esclarecer suas dúvidas.
Existe uma grande dúvida entre ser e estar umbandista.
Muitos estão umbandistas duas, três, quatro horas por semana, período que dura a gira de sua casa. Terminados os trabalhos, despem a roupa branca e voltam para sua vida secular e para mais uma semana de trabalho, acreditando com toda convicção, que seu dever está cumprido. Ao longo dessa semana, esse irmão-de-fé vai blasfemar, maldizer, contrariar os princípios da própria religião e agir como qualquer outro ser humano sem uma orientação espiritual agiria. Somente no dia da próxima gira lembrará de agir como um umbandista.
Outros, espíritos inquietos, buscam o conhecimento, e esse se dá, como defendem os mais conservadores, principalmente dentro do terreiro, mas nada impede que no dia a dia, o umbandista procure entender a sua religião, a fim de adotar na sua prática diária os princípios norteadores da sua fé, da fé que o faz diferente de um ser humano qualquer, não que ele seja melhor que um católico, um evangélico ou um ateu, mas que tenha atitudes condizentes com aquilo que a sua Umbanda prega.
Por outro lado, existe a necessidade imensa de se "filtrar" informações, especialmente no mundo virtual. A internet, tida por muitos como a terra de ninguém, é um espaço onde qualquer informação, verdadeira ou não, pode ser publicada e constitui uma verdadeira armadilha para os leigos. Não será difícil a um iniciante afoito por conhecimento e que o busca através de sites na internet, acreditar, por exemplo, que exu é o diabo ou que é possível "fazer sua própria macumbinha" copiando receitas mágicas espalhadas por aí. Nesse mundo virtual todo cuidado é pouco, e isso é perfeitamente visível quando passeamos pelos mais diversos sites e encontramos absurdos em nome da Umbanda. Verdadeiros médiuns e pais-de-santo virtuais sem qualquer conteúdo proliferaram nos últimos anos.
Estudar a Umbanda é fundamental. Ter bom senso é mais ainda.
Sou um eterno defensor dos estudos da Umbanda, porém defendo ainda mais a necessidade de estudá-la junto às entidades. Os livros, sites e blogs serviriam apenas com um suporte onde, com o devido filtro do bom senso, obteríamos informações para enriquecer a nossa cultura sobre o assunto, mas não sobre a prática umbandista, pois essa começa no terreiro, sob a orientação dos seus zeladores e das entidades - essas sim, mesmo não falando um português impecável, são as verdadeiras autoridades no assunto. Nós, "mortais", que vestimos o branco, estamos ali para aprender e colocar em prática uma conduta séria, respeitosa e que venha a honrar o nome às vezes tão desgastado da Umbanda.
Estudemos a Umbanda, mas sem deixar de praticá-la.
Douglas Fersan - Novembro/2010
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