sábado, 17 de março de 2012

Impressões de Iniciante - por Antonio Bispo



Sentados nas fileiras da consulência, olhamos para dentro do Congá e maravilhados nos médiuns a “divindade” São como mensageiros, anjos, seres especiais, com uma grande missão, amparar e ajudar.

Só de estar próximo a estes seres humanos diferenciados sentimos a grande aura do espírito que se comunica, e um feixe da essência de Deus. Médiuns de Umbanda estando sob a posse das entidades, perante quem os olha, são médicos de Deus, com poder de abrandar nossas dores físicas e curar os males da alma. São advogados celestes, com missão de fazer a justiça de que necessitamos. São senhores da magia, capazes de transformar pó em ouro, escriturários em doutores, auxiliares em chefes, indiferença em amor, ignorância em saber.

É ISTO MESMO?

Para quem está sentado nas fileiras da consulência, é! Pois não diferenciam o encarnado do espírito.

Depois de entrar para a corrente mediúnica é que passei a ver os médiuns de Umbanda como pessoas comuns, com profissões comuns, com vida comum e pensamentos comuns na maioria.

Em alguns casos me decepciono, pois alguns guardam mágoas, são ciumentos, fofoqueiros, maledicentes, orgulhosos, vaidosos e indiferentes.

Como entender isso? Os médiuns, sendo pessoas tão especiais, que acoplam em seus corpos seres divinos, como entender que os conselhos, a sabedoria, a determinação e a coragem de seus guias não transformem seus mentais, não toquem seus corações?

Refletindo sobre isso, um desses enviados divinos nos sopra nos ouvidos: “Procure conhecimento e reflita sobre ele e encontrará a sabedoria. Saiba o que é merecimento, liberdade de escolha, dívidas, carmas e justiça divina. Lembre-se que é preciso sabedoria para entender a ignorância humana. É preciso compreensão do que é AMAR O PRÓXIMO. É preciso ser humilde para aceitar as diferenças e mesmo assim olhar o mundo como quem se olha no espelho.”

Conforme vamos seguindo neste caminho começamos a entender algumas máximas umbandistas:

“Umbanda é a escola da vida” (Caboclo Mirim)

“Acolher a todos e a nenhum virar as costas, aprender com quem sabe mais e ensinar a quem sabe menos” (Caboclo das Sete Encruzilhadas)

Dentro do terreiro é um bom lugar para aprender e exercitar a tolerância, aceitar as diferenças, propagar o perdão, respeitar os diferentes níveis de cada um, seja social, cultural, moral ou evolutivo. É o lugar certo para aprender que a justiça divina não se contesta, se aceita, pois desconhecemos os direitos e deveres de cada um perante Deus.

E a justiça não é aquilo que nos favorece ou conforta, justiça é algo de Deus para com todos.

O caminho espiritual pode ser algo solitário, mas todos os umbandistas estão no caminho e em algum momento nessa caminhada (em diferentes épocas ou estágios) todos deverão ser tocados pela Senhora da Luz Velada, conforme seu merecimento, pela mão justa do Divino e o amparo dos guias espirituais.

Respeito às diferenças e a aceitação destas, além da resignada lição de todos os dias, são os ensinamentos que a escola da vida nos dá.

Texto publicado no JUS (Jornal de Umbanda Sagrada).
Contatos com o autor: Antonio.bishop@terra.com.br

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