terça-feira, 18 de junho de 2013

Falsos Profetas - por Douglas Fersan


Não se trata aqui de falar nada contra qualquer religião. Certamente a maioria delas possui uma doutrina de fé, amor, caridade e respeito.  O foco são os sacerdotes que se apropriam dessas doutrinas, a corrompem e, a fim de atender seus próprios interesses (geralmente financeiros), transformam aquilo que poderia ser um fator de crescimento moral para a humanidade em política de terror e intolerância.

Já se passou mais de uma década desde que o pastor de uma conhecida igreja chutou, em rede nacional, a imagem de Nossa Senhora Aparecida, um dos maiores ícones católicos do Brasil.  Esse ato não mostrou apenas o seu desprezo pela santa, mas também o quanto esses "profetas do terror" podem ir longe.  Foi um desrespeito ao povo brasileiro como um todo, inclusive àqueles não cultuam a referida santa, pois foi uma demonstração de que podem, a qualquer momento, se voltar contra as demais religiões (fato que já vem acontecendo, basta observar os constantes ataques a terreiros de Umbanda e Candomblé).

No que tange à legislação, o Brasil é um país avançado (essa informação pode causar espanto, mas é verdadeira).  Nossa Constituição é uma das mais democráticas do mundo e, para que assim se caracterize, é preciso que tenha leis que amparem todos os segmentos étnicos, religiosos, sociais e de gênero.  E assim é nosso Constituição.  As leis existem, no entanto nem sempre elas são praticadas.  Essa impunidade acaba servindo de incentivo para que a intolerância seja pratica à luz do dia.

Recentemente o pastor Marco Feliciano foi indicado para ocupar o cargo mais importante da Comissão de Direitos Humanos e Minorias.  Tal indicação causou repúdio, já que o deputado-pastor foi protagonista de diversas manifestações de intolerância religiosa, racial e homofóbica.  Apesar das manifestações de repúdio nacional, ele continua ocupando a cadeira.

Esses profetas do terror continuam por aí e não pertencem somente a um segmento religioso. Todo aquele que adquire posições fundamentalistas em suas pregações requer cuidados (seja um sacerdote católico, protestante, de cultos afro-descendentes), todos devem ser vistos com muito cuidado, pois geralmente são carismáticos (Hitler também o era perante o povo alemão), falam exatamente aquilo que a população mais sofrida precisa ouvir (novamente podem ser comparados com Hitler, que soube enfiar o dedo na ferida do povo alemão) e não possuem limites para conquistar aquilo que almejam (será necessário fazer mais uma comparação?).

Para consolidar sua força, esses "profetas" não poupam esforços em denegrir as religiões alheias. Seu discurso intolerante é a base da sua política e seus seguidores, cegos, surdos e hipnotizados, se transformam em um verdadeiro exército da intolerância.

É preciso orientar as pessoas, independente da religião. Não falo de uma religião específica e sim às religiões em geral, falo de alertar para o perigo oculto e muitas vezes subestimado que esses mercadores da fé trazem à vida social pacífica.

Douglas Fersan

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