domingo, 20 de março de 2011
Que os Orixás abençoem o Japão
Engana-se quem pensa que os Orixás são divindades que atuam exclusivamente na África ou no Brasil, seu braço estendido. Ninguém, em nenhum lugar do mundo possui exclusividade sobre as bênçãos e a misericórdia das forças que emanam de Deus.
A História nos mostra (e nos prova) que apesar das diferenças culturais, é possível encontrar muitas similaridades entre os panteões dos mais diversos povos. Odin, Zeus, Olorum e Jeová possuem suas semelhanças. Assim, o Divino se faz presente em todos os povos, em todas as regiões, independente do nome que se dá a essas deidades.
Diante dos acontecimentos recentes e crendo na imediata providência divina em momentos de dificuldades e tragédias, não consigo deixar de pedir aos Orixás que derramem suas bênçãos sobre os nossos irmãos japoneses, independente de sua crença ou não nessas divindades tão maravilhosas e presentes em nossas vidas.
Que o Pai Oxalá não permita que os irmãos japoneses percam a fé, mesmo diante de tantas adversidades. O povo japonês já provou antes sua capacidade de superar os problemas e reconstruir a própria história. Que nunca lhes falte a fé.
Que a Mãe Iemanjá amanse a fúria de suas águas e permita que sua fartura compense as imensas perdas que esse povo heróico sofreu. Que as águas de Iemanjá, que sempre abasteceram a mesa japonesa, voltem à sua tranqüilidade e também a ser parte da bela paisagem nipônica.
E que a justiça de Xangô não permita que cada filho da Terra do Sol sofra além do necessário ao seu aprendizado nesse mundo de provações, onde cada infortúnio é uma lição necessária à nossa evolução.
E que Iansã, a senhora dos raios, sopre seus ventos para direções desertas, levando consigo todo mal e todo veneno para regiões ermas, onde a radioatividade não possa causar sofrimento a ninguém.
E que não falte a doçura maternal de Oxum nesse momento tão difícil, para que cada um veja o outro como seu irmão, filho ou pai e o acolha em seu coração, pois é justamente no momento da tragédia que temos a oportunidade de manifestar o amor solidário, que preserva a vida.
Que os órfãos sejam amparados pelas crianças espirituais. Que a energia doce e pura de Cosme e Damião se faça presente em cada pequeno coração, dando-lhes força para seguir sua caminhada pela vida sem perder a alegria de viver, mesmo diante de tanta desdita.
Que Omolu e Obaluaê tragam a cura aos enfermos ou coloquem fim a qualquer sofrimento desnecessário, aplicando a sua misericórdia a cada alma aflita.
E que o colo de Nanã de Buruquê seja farto o bastante para acolher todos os irmãos japoneses que choram a dor de ver sua terra devastada e o sofrimento nos olhos de seus entes queridos. Que a mais velha das Orixás, como uma avó doce e acolhedora possa enxugar cada lágrima derramada.
E que jamais falte a energia guerreira de Ogun e a sabedoria de Oxóssi para reerguer, tijolo por tijolo, uma nação que já aprendeu a renascer das cinzas.
E, finalmente, que não falte a proteção de Exu para todos os japoneses e brasileiros, africanos, europeus e demais estrangeiros que ali vivem, a fim de que a Terra do Sol Nascente possa brilhar a cada manhã.
Percebo diariamente a presença de visitantes japoneses nesse blog, mesmo após a tragédia que abalou o país. A eles é que dedico esse despretensioso texto mal escrito, mas de coração, que tracei numa noite de insônia.
Muita fé, coragem e axé a todos vocês.
Saravá a Umbanda.
光のその魂が日本を祝福 (Que os espíritos de luz abençoem o Japão).
Douglas Fersan – Março de 2011
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