quarta-feira, 20 de março de 2013

E do sopro divino criou-se o mundo - por Douglas Fersan


 Nos primórdios dos tempos, quando tudo parecia apenas o vácuo, o Universo era dividido em dois mundos: o Orun, o espaço sagrado onde viviam os orixás, e o Aiyê, uma região imensa, onde só existia água.  Olorum resolveu então criar a humanidade e entregou essa tarefa a Oxalá, seu filho preferido. Deu-lhe uma cabaça com terra, uma galinha, um pombo e um camaleão.

  Oxalá jogou então a terra sobre a água.  Deixou que a galinha, com seus pés com cinco dedos, ciscasse espalhasse a terra sobre a água, misturando as duas.  O pombo, farfalhando suas asas, espalhou essa mistura, expandindo os domínios do Aiyê, tornando-o imenso.  O camaleão a tudo observou e narrou os fatos a Olorum.  Oxalá saiu então caminhando pelo mundo, apoiado em seu cajado, percorreu toda a extensão daquilo que criara.  Conforme caminhava dava forma aos lugares.  Alguns preferiu cobrir com o verde das matas, outros preferiu o tom suave das areias, em outros o branco das geleiras.

  Porém o mundo ainda não era habitado.  Percebendo que um lugar tão belo e criado com tanto amor não era desfrutado por ninguém, Olorum pediu a Oxalá que esculpisse dois bonecos de barro - um com formas femininas e outro com formas masculinas, e assim foi feito.  Quando Oxalá apresentou suas esculturas a Olorum, esse os soprou fortemente.  Com o sopro, os bonecos adquiriram vida, passaram a caminhar e a habitar o Aiyê.  Assim surgiu a Terra e a humanidade.  Qualquer semelhança com outros mitos é mera coincidência (será?).

Douglas Fersan
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