Nos primórdios dos tempos, quando tudo parecia apenas o vácuo, o Universo era dividido em dois mundos: o Orun, o espaço sagrado onde viviam os orixás, e o Aiyê, uma região imensa, onde só existia água. Olorum resolveu então criar a humanidade e entregou essa tarefa a Oxalá, seu filho preferido. Deu-lhe uma cabaça com terra, uma galinha, um pombo e um camaleão.
Oxalá jogou então a terra sobre a água. Deixou que a galinha, com seus pés com cinco dedos, ciscasse espalhasse a terra sobre a água, misturando as duas. O pombo, farfalhando suas asas, espalhou essa mistura, expandindo os domínios do Aiyê, tornando-o imenso. O camaleão a tudo observou e narrou os fatos a Olorum. Oxalá saiu então caminhando pelo mundo, apoiado em seu cajado, percorreu toda a extensão daquilo que criara. Conforme caminhava dava forma aos lugares. Alguns preferiu cobrir com o verde das matas, outros preferiu o tom suave das areias, em outros o branco das geleiras.
Porém o mundo ainda não era habitado. Percebendo que um lugar tão belo e criado com tanto amor não era desfrutado por ninguém, Olorum pediu a Oxalá que esculpisse dois bonecos de barro - um com formas femininas e outro com formas masculinas, e assim foi feito. Quando Oxalá apresentou suas esculturas a Olorum, esse os soprou fortemente. Com o sopro, os bonecos adquiriram vida, passaram a caminhar e a habitar o Aiyê. Assim surgiu a Terra e a humanidade. Qualquer semelhança com outros mitos é mera coincidência (será?).
Douglas Fersan
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