domingo, 28 de setembro de 2014

O orixá mais bonito - por Douglas Fersan


Por tantas vezes já ouvir dizer que os orixás/entidades de uma determinada casa têm mais força que os orixás de outra casa. Fico me perguntando se eles, os orixás, passam por algum tipo de curso, de graduação, treinamento ou algo semelhando para atuar numa casa mais forte ou mais fraca.

Aliás, o que é uma casa de Umbanda mais forte ou mais fraca?
O que determina a força dessa casa?
A quantidade de filhos-de-fé?  Os anos de Umbanda de seu dirigente?  O luxo e a grandeza do espaço físico?

Certamente que não.
Existem casas cheias de "médiuns-samambaia" (aqueles que só ficam encostados na parede para enfeitar e fazer número), portanto a quantidade de filhos-de-fé não determina a força da casa.  Existem também pessoas que estão na Umbanda há dez, vinte, trinta anos e não aprenderam o básico, que é o princípio da fraternidade e a constante busca do crescimento espiritual (e acham que a suposta experiência lhes garante uma posição de PhD na religião e que por isso jamais devem ser questionados, quando não sabem sequer pilar um pó de pemba). Por outro lado, o luxo de um templo em nada colabora com a força da casa. Serve apenas para ostentar algo que talvez nem possua.  Existem casas de Umbanda que se restringem um cômodo apertado com alguns poucos trabalhadores e que ainda assim possuem mais eficácia em seu propósito do que os grandes templos com holofotes iluminando as imagens luxuosas e gigantescas dos orixás.

O que determina a força dos orixás então?
Resposta: os próprios orixás.

Os orixás são seres divinos que sempre possuem força.
Quem deixa de possuir essa força (ou firmeza, se assim preferirem) são as pessoas atuam numa gira de Umbanda). Numa casa onde prevalece a vaidade, o ego, o interesse pessoal em detrimento da caridade e da busca constante pela reforma interna, não sobra espaço ao orixá para usar a força que realmente tem. Aliás, ali talvez nem tenha orixá.

O orixá mais forte e mais bonito se encontra na simplicidade. No lugar onde a prioridade é a caridade, o amor e o respeito mútuo. Portanto, cabe a nós, filhos de Umbanda, vigiar os próprios atos e fazer do templo que frequentamos um lugar onde existam esses pré-requisitos. Com isso - somado à seriedade e o devido preparo para conduzir os trabalhos - os orixás estarão presentes, belos e fortes, sempre dispostos a nos amparar e ensinar que a vida é mais simples do que parece. E que a Umbanda é tão simples quanto a vida, tão simples quanto o Universo.

Douglas Fersan
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