terça-feira, 7 de outubro de 2008

Igreja Universal terá que indenizar família de mãe-de-santo





















Segue abaixo parte da reportagem publicada no site www.jusbrasil.com.br em 18 de setembro de 2008:

"Por unanimidade, a Quarta Turma do Superior Tribunal de Justiça manteve a obrigação de a Igreja Universal do Reino de Deus pagar indenização aos filhos e ao marido da mãe-de-santo Gildásia dos Santos e Santos. Uma foto da líder religiosa foi usada num contexto ofensivo no jornal Folha Universal, veículo de divulgação da igreja. A decisão da Quarta Turma seguiu integralmente o voto do juiz convocado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região Carlos Fernando Mathias, que reduziu o valor a ser pago.
Em 1999, a Folha Universal publicou uma matéria com o título "Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes" e utilizou uma foto da ialorixá como ilustração. Em 2000, Gildásia faleceu, mas seus herdeiros e espólio começaram uma ação de indenização por danos morais. A 17ª Vara Cível da Bahia condenou a Igreja Universal ao pagamento de R$ 1,4 milhão como indenização, com base na ofensa ao artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal (proteção à honra, vida privada e imagem). Além disso, a Folha Universal também foi condenada a publicar, em dois dos seus números, uma retratação à mãe-de-santo [...]"

Esse foi apenas mais um ataque da IURD contra os ritos afro-descendentes, até aí não existe surpresa alguma, já que a tolerância e o respeito às diversidades não fazem parte do cotidiano desse segmento religioso. O que vale a pena ser destado nesse infeliz episódio é a decisão da Justiça, que aplicou a Lei e condenou a Universal a indenizar os herdeiros da mãe-de-santo.
Não se trata de revanchismo ou mesmo de alimentar uma suposta guerra santa. Trata-se tão somente de fazer valer os direitos constitucionais tão duramente conquistados e também de mostrar que a premissa bíblica de "dar a outra face" não consiste em manter-se passivo diante dos atentados que nossa crença sofre por parte dos intolerantes.
É importante lembrar que jamais deve-se generalizar e colocar no mesmo balaio todos os segmentos evagélicos, no entanto não devemos calar diante das demonstrações de desrepeito e violência praticados contra aqueles que lhes são diferentes.
Talvez a maior vitória não seja a indenização e sim a obrigatoriedade da Folha Universal publicar uma retratação à dona Gildásia - reparando assim uma pequena parte do imenso sofrimento que causou à família.
A decisão da Justiça é importante não apenas pelo fato de indenizar uma família que teve sua matriarca difamada, mas principalmente por estabelecer um marco (pelo menos assim esperamos) na luta contra a intolerância religiosa. Que fique o exemplo e o alerta: a Lei existe e deve ser cumprida. Aqueles que a desprezam, que arquem com as consequências de seus atos.

Kaô Kabecile!!!




domingo, 28 de setembro de 2008

O caldeirão da Umbanda

É provável que todos já tenham ouvido a expressão: "O Brasil é um grande caldeirão". Talvez não tenhamos o mesmo requinte da culinária francesa, bastante tradicional, nem da japonesa, adaptada às suas condições regionais, mas no nosso "caldeirão" cabe uma grande feijoada, onde diversos elementos se misturam, ganhando um sabor especial - a digestão (entenda-se compreensão) desse prato pode ser um pouco pesada às vezes, mas certamente é apaixonante e paradoxalmente original ao mesmo tempo em que é universalista. No Brasil as coisas misturam-se tanto, que é possível estudar a culinária, a formação étnica e cultural, ao mesmo tempo em que tentamos entender a sua religiosidade. É um país onde as mais diversas denominações religiosas - desde a católica até a judaica - convivem numa paz quase absoluta. E curiosamente, a população, das mais variadas religiões existentes aqui acabam convergindo para um ponto: as crenças populares. Benzedeiras, mandingas, simpatias e patuás confundem-se com outras liturgias, que acabam recebendo o questionável rótulo de “autênticas” que a tradição histórica lhes permite. Pesquisas da Vox Populi mostram que 59% da população brasileira declara que acredita em reencarnação e que já viveu outras vidas, mas apenas 3% dessa mesma população se diz espírita. Paradoxo? Provavelmente não. Mais possivelmente trata-se de um traço cultural, fruto da miscigenação construída ao logo dos séculos. No entanto, tal constatação nos remete a outro questionamento. Esse espiritismo praticado no Brasil é realmente “puro” (no sentido de seguir de maneira ortodoxa a obra codificada por Kardec) ou apresenta também, em si, traços dessa nossa identidade cultural?
Não é novidade para ninguém que o espiritismo nasceu na França, onde possuía um caráter mais científico e filosófico do que religioso, mas hoje, ele é mais difundido aqui no Brasil do que em seu país de origem (sim, pesquisas mostram também que Alan Kardec é mais conhecido no Brasil do que no seu país de origem, e acredito que isso seja motivo de orgulho para nós). Mas por que então o espiritismo encontrou as portas abertas justamente no Brasil? Provavelmente o Brasil já possuía uma predisposição para as crenças reencarnacionistas (e espiritualistas em geral), já que uma gama dessa cultura foi trazida pelos negros que aqui aportaram como escravos. Encontramos então um ponto convergente aí. Certas ritualísticas, práticas como benzimentos, simpatias e similares, já tinham um campo no Brasil, o espiritismo veio então somar conhecimentos a uma cultura já bastante vasta e eclética. Isso significa que houve uma deturpação do espiritismo? Longe disso. O que houve foi um processo natural de adaptação cultural, que não somente as religiões, mas todos os hábitos, costumes, crenças, linguagem – cultura de um modo geral – passam dentro da construção de uma nova identidade sócio-cultural (lembremos que o Brasil ainda era jovem como país independente e mais ainda como República, portanto ainda estava “se conhecendo” como nação, e o positivismo – berço filosófico do espiritismo – era a palavra de ordem). Percebe-se então outro fenômeno que também ocorreu naturalmente: a universalização.
Hoje as coisas misturam-se nesse grande caldeirão. É muito comum seguidores da Umbanda definirem-se como espíritas. Trata-se de um erro conceitual? Cada qual terá a sua resposta e a partir dela saberá dizer se é ou não um erro, mas como mais uma manifestação dessa miscigenação, muitos insistirão naquela que melhor lhe aprouver e esse não é o tema da discussão. O que importa é a influência entre (e não sobre) o espiritismo e os cultos populares que já eram difundidos no Brasil. No início do século XX era muito comum se falar em “macumbas”, especialmente no Rio de Janeiro. Esses rituais que muitas vezes consistiam em oferendas entregues ao ar livre, já eram um protótipo do que viria a ser o que hoje chamamos de Umbanda. Paralelamente a isso, em 1908, dentro de uma casa espírita, manifestou-se o Caboclo das Sete Encruzilhadas, que oficializou a Umbanda (se ele “fundou” a Umbanda já é tema para outro debate).
Podemos encontrar mais uma constatação da existência desse caldeirão em um trecho do livro AFRICANISMO E ESPIRITISMO, de Deolindo Amorin em que ele diz que a Umbanda é muito mais parecida com o catolicismo do que com o Espiritismo, devido aos rituais, que segundo ele, não existem no Espiritismo. Percebe-se nas palavras do autor a tentativa clara de afastar a prática da Umbanda da Doutrina Espírita, mas é importante ler esse trecho sem emitir juízo de valores principalmente sobre nossos amigos espíritas, que são merecedores de todo nosso respeito. Deixemos os preconceitos de lado, fazendo uma análise onde se leva em conta o momento histórico no qual o documento foi escrito e a mentalidade da época – em especial da classe social e intelectual em que se encontra o autor, caso contrário toda forma de tentativa de estudo irá por água abaixo:

"Quando falamos em Espiritismo, saibam os leitores que nos referimos à codificação CIENTÍFICA, FILOSÓFICA e MORAL, de Allan Kardec, - a única com o privilégio de ostentar semelhante título! – que o mestre expôs numa série de obras notáveis, editoradas na França, no período de 1857 a 1869, e não a esse conglomerado de pajelanças e de rituais espalhafatosos, onde preponderam o mediunismo abastardado; em suma – ao carnaval de UMBANDA, difundido e praticado por aí em fora, sob o rótulo daquela luminosa esquematização espiritualista." (AMORIM, 1949: 5-7).
É fundamental ressaltar que esse trecho reflete a opinião de UM AUTOR EM ESPECIAL e jamais de toda a comunidade espírita. Mas percebe-se claramente que há uma tentativa de não identificar o Espiritismo com a Umbanda, e sim com o catolicismo (assim como os católicos se esforçam para identificar a Umbanda com o espiritismo – haja caldeirão). Por outro lado, não podemos esquecer a influência dos cultos indígenas, que foram preservados principalmente em algumas partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil e que acabaram incorporados aos rituais de Umbanda e à própria identidade nacional (o uso terapêutico e magístico de ervas é o exemplo mais clássico da existência dessa tradição). Embora menos falados, não há como desprezar também o Catimbó, o Xangô (não o orixá, mas o culto) de Pernambuco, o Batuque do Sul – e isso porque nem citei o Candomblé e sua gigantesca influência. Somos então uma nação caldeirão, ou, para ser mais modernos, um liquidificador, onde ritos, crenças e filosofias se uniram e se misturaram, formando, no imaginário coletivo, uma unidade, que na teoria não existe, mas é praticada constantemente (quem nunca viu um católico procurando uma benzedeira?).
Na verdade esse é um texto que mais confunde do que explica – e essa é a intenção, pois da dúvida pode nascer um bom debate – mas construir a nossa própria história (nesse caso, em especial da Umbanda) é entender um pouco de si mesmo, de seu povo, de sua nação e formação. É um trabalho árduo, para o qual eu talvez não tenha competência e preparo, mas creio ser importante lançar uma primeira semente para uma troca de idéias amigável, onde cada qual pode contribuir com a informação que possui, concordando, discordando, acrescentando e corrigindo.
Saravá a Umbanda.

domingo, 21 de setembro de 2008

Setembro, mês das crianças na Umbanda.

No mês de setembro celebra-se a já popular festa de Cosme e Damião na Umbanda. Os irmãos médicos (não existem registros de que sejam gêmeos, como alguns acreditam), dos primórdios do cristianismo, foram sincretizados com as crianças na Umbanda, que jutamente com o pretos-velhos e os Caboclos formam o "tripé" da nossa religião, representando a pureza e a inocência. Embora a figura da criança passe a impressão, num primeiro momento, de fragilidade e até mesmo de despreparo, esses espíritos são incansáveis e competentes trabalhadores do astral, ajudando e amparando os necessitados que buscam seu apoio. Em alguns terreiros são chamados também de "erês", que em yorubá significa "bricadeira", "diversão" (e não "criança", como muitos afirmam - essa seria "omodé" nessa língua). As festas de Cosme e Damião constituem verdadeiros marcos nos trabalhos dos terreiros, sempre com muito doce, fartura e alegria, exatamente como as crianças gostam. Fica registrado aqui o nosso amor às "crianças do astral", que sempre no amparam.
Vale lembrar que o termo "erê" é mais apropriado ao Candomblé, embora muitos utilizem essa palavra para identificar os espíritos das crianças na Umbanda.
Misturas de nomes à parte, o importante nesse mês de setembro é lembrar de agradecer às crianças, que sempre vem em nosso auxílio (até mesmo quando não imaginamos) e deixar que seu bom humor, sua inocência e bondade contagie nossos espíritos, tantas vezes endurecidos.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

100 ano de Umbanda (será?)

Parece que 2008 não é um ano qualquer. No Brasil teremos eleições municipais, tivemos também as Olimpíadas na China e, para alguns, existe também mais um fato a se comemorar. Em 15 de novembro deste ano, muitos templo umbandistas estarão celebrando o primeiro centenário da Umbanda, já que , supostamente, essa religião teria surgido com a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas, através do médium Zélio Fernandino de Moraes, em 1908.
Particularmente acho válida a existência de uma data especial para se celebrar o orgulho de ser umbandista – embora acredite que esse orgulho e a responsabilidade de ser umbandista devam ser diários – mas sabemos que essa data e, principalmente, o que ela representa (o nascimento da Umbanda) não constitui uma unanimidade. Embora um grande número de umbandistas celebre e aceite essa data como o marco inicial, outro número, bastante expressivo também, a rejeita veementemente, sob o argumento de que os rituais umbandistas são anteriores a 1908, como mostram alguns estudos, em especial a já conhecida “Das macumbas cariocas à Umbanda”, de José Henrique Motta de Oliveira.
Uma coisa é certa: grande parte das práticas que hoje constituem a liturgia umbandista já existiam realmente há muito tempo, como a prática da defumação (que remonta aos nossos antepassados indígenas e até mesmo de rituais católicos – sim, pois também na Igreja Católica existe a defumação), culto aos Orixás (herança dos nosso passado intimamente ligado à mãe África), dos banhos de ervas, uso de velas, etc. Então, é correto dizer que a Umbanda surgiu em 1908 ou seria mais ponderado afirmar que seus rituais sempre existiram, mas que a referida data constituiu uma espécie de oficialização da religião?
Mesmo que não se aceite a manifestação do Caboclo das Sete Encruzilhadas como o marco inicial da Umbanda, não seria válido utilizar o dia 15 de novembro para exaltar a religião e o amor a ela?
Notem que não existe aqui nenhuma afirmação no sentido de dizer que uma ou outra vertente está correta. O que está sendo proposto é o debate em torno da importância de existir uma data comemorativa para a Umbanda, mesmo que aquilo que ela representa não constitua uma unanimidade. Todo dia é dia de ser umbandista, todo dia é da Umbanda, mas comemorar e gritar seu orgulho e amor pela religião pode representar também um grito de liberdade e contra a intolerância, ainda que essa intolerância se encontre no seio da própria Umbanda, entre os membros mais sectários das suas diversas vertentes.
Saravá a Umbanda.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A Umbanda no Orkut

Uma das maiores maravilhas virtuais dos últimos tempos é sem dúvidas o orkut. Um programa que nos permite reencontrar antigos amigos, fazer novos, trocar informações em comunidades, enfim, o orkut aproximou as pessoas, derrubando ainda mais fronteiras, que já haviam começado a cair com a internet.
É possível também, através do orkut, obter informações sobre os mais variados assuntos, alguns muito úteis, outros completamente descartáveis e alguns até nocivos.
No caso da Umbanda, podemos encontrar uma variedade enorme de comunidades que se propõem a discuti-la (ao digitar a palavra “Umbanda” na janela de busca do orkut aparecem mais de mil comunidades). Mas até que ponto isso é saudável ou, indo um pouco mais fundo na questão, até que ponto as pessoas estão preparadas para discutir a Umbanda publicamente?
Sabemos que a Umbanda não é uma religião que realiza seus rituais às escondidas e nem todas suas práticas constituem, de um modo geral, grandes segredos, revelados somente aos iniciados. No entanto, parece que nem todos os umbandistas (ou que pelo menos se intitulam assim) têm a sensibilidade para perceber a existência da linha tênue que separa aquilo que pode ser tornado público daquilo que entendemos como fundamento e que, inclusive por uma questão de respeito litúrgico e até mesmo por segurança, deve permanecer não exatamente em segredo, mas restrito às práticas dentro dos terreiros ou templos.
Infelizmente tornou-se muito comum encontrarmos membros das comunidades umbandistas no orkut ditando “receitas” para as mais diversas situações. Banho para aflorar mediunidade, oferenda para seu Zé Pelintra (com o pitoresco detalhe de constar na mesma um maço de cigarros da marca Marlboro), orações para “amarrar” namorado (essa é a mais comum das pragas virtuais nessas comunidades), oferenda a Omolu, receitas de defumações e trabalhos para conseguir emprego são apenas alguns exemplos que é possível encontrar. Aqueles que publicam tais “receitas” sempre alegam estar imbuídos das melhores das intenções e querer apenas ajudar aqueles que necessitam. A questão, no entanto, não passa (somente) pelo debate quanto às intenções daqueles que tornam públicos tais fundamentos, ela concentra-se principalmente na conduta ética do umbandista que disponibiliza tais informações ao público, que sabe-se bem, em sua maioria é completamente leigo ou formado por neófitos que, empolgados pela beleza dos rituais da Umbanda ou mesmo instigados por situações de desespero, acabam tentando de tudo na busca de solução de seus problemas.
Certamente, se perguntarmos a uma entidade, ela dirá que cada caso é um caso e para cada um deles, um procedimento apropriado deverá ser tomado. Deixando de lado as boas intenções, podemos afirmar que é uma irresponsabilidade total distribuir receitas de banhos, defumações ou qualquer outro tipo de procedimento sem ter o devido e necessário conhecimento sobre o caso específico. Apesar de todos os benefícios e facilidades que a internet e o orkut propiciou, vimos surgir uma nova modalidade de desserviço à Umbanda: os chamados médiuns virtuais: pessoas sem o menor conhecimento sobre os fundamentos da Umbanda (ou sobre a responsabilidade que os envolve), desprovidas do bom senso necessário ao bom médium e até mesmo sem a devida vivência nos terreiros, junto às entidades. Esses médiuns, acreditando possuir o conhecimento ou simplesmente buscando alimentar o próprio ego (o que por si só já contradiz toda a filosofia umbandista), acabam por prejudicar – ainda que não intencionalmente – os desavisados e por fim prestam um grande serviço aos detratores da Umbanda que estão sempre de plantão, pois essa atitude só serve para denegrir a imagem da nossa religião. E basta um pequeno deslize de um desses médiuns virtuais para que toda a religião e seus seguidores sejam alvo das mais ferozes críticas.
É possível encontrar centenas de comunidades e fóruns sobre Umbanda na internet, porém é muito necessário utilizar um filtro ao acessar essas páginas, pois a quantidade de informações disponibilizadas é imensa, como é imenso também o despreparo da maioria das pessoas que se dispõem a externar suas opiniões nessas páginas.
Buscar conhecimentos sobre a Umbanda em livros e em páginas da internet não é uma atitude nociva – conhecimento nunca é demais, assim como o bom senso também – mas o verdadeiro aprendizado só acontece nos terreiros, junto às entidades, que não necessitam de vitaminas para alimentar seus egos, já que seu propósito e outro, e bem mais nobre.
Sarava a Umbanda.

Comunidades de Umbanda no orkut que valem a pena ser visitadas:

AMIGOS, UMBANDA E ESPIRITISMO:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=1171613


UMBANDA – REINO DE OXALÁ:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=35048


UMBANDA – REGISTROS HISTÓRICOS:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=39826753


MEDIUNIDADE NA UMBANDA:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=36389774


INICIANTES DE UMBANDA:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=17809106


ESPIRITISMO E UMBANDA:
http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=18555806

domingo, 14 de setembro de 2008

Na Umbanda tudo pode?

Provavelmente uma das grandes riquezas da Umbanda (juntamente com a sua diversidade) é a sua tradição, passada de geração a geração. Sabemos, no entanto, que a Umbanda não é estática, assim como não é o Plano Espiritual, portanto ela não está parada no tempo.
No entanto, em nome dessa diversidade e desse movimento a que muitos acreditam a Umbanda estar submetida, ela é constantemente alvo de novas teorias e/ou técnicas que tentam se inserir em sua liturgia.
Fitoterapia, apometria, cromoterapia, reiki e outras tantas técnicas são trazidas para o seio umbandista.
A pergunta é: Isso é legítimo?
O mesmo se dá com teorias que tentam explicar o surgimento da Umbanda. Existem aqueles que defendem a tese de que a Umbanda surgiu na Atlântida, na Lemúria e até mesmo aqueles que acreditam que seres do espaço foram os responsáveis pela criação do culto umbandista.
Para os mais tradicionalistas já é difícil aceitar o advento de Zélio de Moraes e do Caboclo das Sete Encruzilhadas como o marco inicial da Umbanda, imagine então as teorias acima.
Diante dessa miscelênia toda, surge outra pergunta: Na umbanda tudo pode?
Cabe à Umbanda aglutinar todas as técnicas e teorias sobre sua própria origem (mesmo que não haja qualquer comprovação científica ou mesmo espiritual para essas teses)?
Esse movimento que parece renovar a Umbanda não acabaria por descaracterizá-la?
Ou, contrapondo as questões acima, na tentativa de ser imparcial, seria tudo isso uma forma de tornar a Umbanda cada vez mais universalista e assim agregar os mais diversos segmentos religiosos e até esotéricos?
E, finalmente, tudo isso não seria uma forma de desprezar a tradição cultural brasileira, à qual a Umbanda está intimamente ligada e na qual encontra-se grande parte de suas raízes?
A última questão (e talvez a que mais me causa preocupação) é: até onde tudo será permitido dentro da Umbanda?
Até o momento em que ela deixar de ser Umbanda? Ou até que ela aglutine em si um contingente enorme de segmentos espiritualistas e esotéricos?
O tempo dirá.