domingo, 31 de julho de 2016

O santo ritual da defumação - Douglas Fersan

O ato de defumar não consiste em simplesmente jogar ervas secas em um braseiro. É um ato de magia, portanto exige todo um critério, conhecimento e responsabilidade ao fazê-lo. Desde o momento de tratar e colher as ervas até escolher qual delas deve ser usada corretamente para cada fim, de que forma proceder durante a defumação... tudo isso faz parte da liturgia. Muitos se aventuram a sair defumando ambientes sem o devido conhecimento e os efeitos podem ser contrários ao esperado. O mesmo podemos dizer daqueles defumadores vendidos em tabletes em lojas de produtos de Umbanda, que não passam de serragem com alguma essência aromática. Queimar aquilo e um pedaço de papel tem o mesmo efeito, pois o elemento magístico simplesmente não existe nesse pseudo-ritual.
A Umbanda tem fundamento, é preciso preparar.

Douglas Fersan

terça-feira, 26 de julho de 2016

Uma lenda de Nanã - Douglas Fersan


Uma lenda em homenagem a Nanã, a mais velha dos orixás.

Quando alguém cometia algum crime na aldeia chefiada por Nanã, era amarrado a uma árvore a velha orixá mandava os eguns atormentá-los. Querendo esse poder para si, Oxalá foi visitar Nanã e lhe deu uma poção que a fez dormir. Então invadiu o jardim dos eguns e ordenou a eles que o obedecessem. Como ali só entrava quem tinha autorização de Nanã, os eguns passaram a obedecer Oxalá, mas quando ela despertou, ficou irada. Foi ao jardim e expulsou Oxalá de lá. Ela o perdoou, mas deixou claro que todo egum teria que passar primeiro pelo seu jardim, ali se purificar obedecendo as suas ordens, para só depois chegar a Oxalá. E assim foi feito. Mesmo sendo o maior dos orixás, Oxalá aprendeu a respeitar os domínios de Nanã.

Nanã de Burukê: a mais velha dos orixás.
Dia da semana: domingo.
Cores: lilás/roxo.
Saudação: Saluba Nanã (nos refugiamos em Nanã).
Ervas: manjericão roxo, colônia, quaresmeira, dama da noite, canela de velho, carobinha.
Bebida: champanhe.
Ponto de força: brejos, pântanos.
Filhos de Nanã: calmos, lentos, dignos, gentis, doces e mansos. Também são saudosistas, ranzinzas, autoritários, caseiros, sábios e justos.

Essa lenda é parte integrante do curso "Lendas dos Orixás", ministrado pelo Templo de Umbanda Lar de Preto Velho

sábado, 23 de julho de 2016

A causa da raiva - Douglas Fersan


Muitas vezes as pessoas nutrem a raiva e os sentimentos negativos diante da sua incapacidade de se nivelar ou superar aqueles que estão sob sua mira. E, com isso, acabam fazendo mal a si mesmo. Esse tipo de sentimento gera rugas, doenças psicossomáticas além expor publicamente a sua alma minúscula e a sua personalidade pobre e duvidosa. Para se livrar disso, o melhor remédio é tentar se superar, e não expor, ainda que de forma sutil, as suas baixas vibrações. Dicas de saúde mental e espiritual também se encontra na página Lar de Preto Velho.




Douglas Fersan

terça-feira, 19 de julho de 2016

Religião ou espiritualidade - Douglas Fersan




Muitos usam o nome sagrado da Umbanda para obter privilégios e explorar a boa fé daqueles que procuram ajuda e denigrem a imagem de toda a religião e seus seguidores. Os verdadeiros umbandistas não se prestam a esse papel; estão preocupados em prestar a caridade, em buscar o entendimento e a evolução espiritual. Os verdadeiros umbandistas não fazem da sua religião um meio de vida, fazem da Umbanda a sua filosofia de vida.

É preciso entender a diferente entre religião e espiritualidade. Religião é uma instituição oficial, muitas vezes usada como agente de reprodução da ideologia do Estado e até mesmo como forma de controlar a população a fim de manter a ordem vigente. Infelizmente, na maioria das vezes, as religiões estão mais associadas a questões políticas e econômicas do que espirituais.

Já a espiritualidade é a entrega e a busca de si mesmo. É um tipo de entrega que não requer necessariamente abrir mão de seus bens materiais e uma vida normal. É possível fazer essa entrega e continuar desfrutando os prazeres da vida. No entanto é preciso também o bom senso de evitar prazeres mundanos (drogas, relacionamentos irresponsáveis, baseados unicamente na troca de prazer carnal) e sempre buscando o aprimoramento do próprio ser.

Instituições religiosas que não ensinam e não praticam isso, geralmente não passam de comercio disfarçado de religião. Ali podem sobrar religiosos, sacerdotes, rituais, etc. Mas certamente falta espiritualidade, pois por essa não se cobra e não se exige nada, a não ser a dedicação de cada em se tornar um ser humano melhor para si, para sua família e para toda a sociedade.

Douglas Fersan

sábado, 16 de julho de 2016

Magia é vida, é movimento - Douglas Fersan


A Magia na Umbanda

Magia nada mais é do que a manipulação de elementos e da energia neles contida. Como numa experiência alquímica, manipula-se esses elementos a fim de atingir um objetivo determinado, e não há nada de sobrenatural nisso. Sobrenatural seria aquilo impossível de se alcançar, já a manipulação mágica, sendo possível, é algo perfeitamente natural – o diferencial é que foge à compreensão convencional, o que a coloca à margem dos demais conhecimentos.

A arte da magia se faz presente em todas as civilizações conhecidas, desde as mesopotâmicas até as ameríndias, cada qual adaptando rituais e métodos de acordo com sua crença e cultura. Assim, a magia tem atravessado séculos, resistindo à perseguições e tentativas de minimizá-la ou então de classificá-la, de forma preconceituosa, como crendice popular. Mas na realidade, a crença na magia ultrapassa os limites das barreiras sociais e até culturais. Ao recorrer a simpatias, benzimentos, determinadas rezas, nada mais se está fazendo do que apelando para a magia.Assim, é possível afirmar que a Umbanda é a síntese da magia, pois agrega elementos dos mais diversos povos: europeus, africanos e ameríndios – isso sem contar as correntes que tentam inserir novos elementos à sua liturgia. Então, a Umbanda é magística por excelência. Entretanto, é sempre bom tomar o cuidado para não se deixar iludir e cair naquela crença infantil de que a magia é a solução para tudo.

A Inteligência Universal certamente atua sobre o destino de cada um, só permitindo que aconteça aquilo que for de seu merecimento ou necessário ao seu aprimoramento espiritual.

A função da magia, nesse caso, é fornecer “meios” para que os trabalhadores do Universo (que alguns chamam de anjos, outros de mentores, outros, simplesmente de “guias”) possam trabalhar e auxiliar os homens naquilo que necessitam.Existem aqueles que, deslumbrados com aquilo que acreditam ser possível conseguir com a magia, ou ainda, desconhecendo as Leis que regem o Universo, passam a acreditar que tudo podem conseguir usando essa ferramenta, buscando atingir seus objetivos, não importando os meios. Tentam – e acreditam conseguir – burlar as Leis mais primordiais que existem. Muitas vezes conquistam um sucesso efêmero, o que os deixa ainda mais iludidos, já que não possuem a compreensão das dívidas que contraem ao tentar (em vão) ludibriar os olhos do Astral, que nada deixam de ver. O uso da magia deve ser responsável.

As Leis de Umbanda são severas, usar seus meios requer responsabilidade e maturidade e infelizmente não são todos que estão preparados para isso. Aceitar a magia que a vida realiza naturalmente, dia a dia, é um grande sinal de resignação e sabedoria, pois quem assim o faz, respeita aquilo que preparou para si, já que tudo é fruto do merecimento. Manipular energias e elementos com responsabilidade é um trabalho nobre, mas é para poucos, pois são poucos os que sabem fazer isso sem interferir nas Leis do Universo, que é justo, como justa é a Umbanda, que caminha sempre à trilha das Leis de Deus.

Douglas Fersan

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Eu sou teu orixá - Autor desconhecido



Nessas horas
de escuro e frio
quando se tem tudo
e ainda está sozinho.
Eu que te levo.

Nessas horas
de coincidências
encaixes e desencontros.
Em que o encontro
é o pote de ouro no fim.
Eu que te levo.

Nessas horas
em que tudo pareceu em vão
e não tem mais pegadas no chão
pra voltar atrás.
Pela estrada a frente
desconhecida e diferente
Eu que te levo.

Nessas horas
em que você vê
que me ouvir valeu a pena
que não existem mais problemas
e que as reviravoltas
eram parte da minha surpresa.
Eu que continuo te levando.

E eu te levo e levarei
enquanto minha presença
for sua natureza
minha voz sua certeza
e pelos caminhos a fora
você quiser se deixar,
por mim, levar.

Eu que te levo
Eu que sou seu Orixá.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Jogos olímpicos? Estamos fora. - Douglas Fersan


As religiões de matriz afro (Umbanda e Candomblé) ficaram fora das cerimônias de abertura das olimpíadas no Rio de Janeiro. Nota zero para a democracia brasileira, nota dez para a intolerância religiosa. O Estado laico nada mais é do que uma utopia distante. Como falar em Estado laico num país que possui um grupo de parlamentares que se auto-intitula "bancada evangélica"?

Como pensar em democracia num país onde pobres pagam impostos sobre quesitos mais básicos, como a alimentação, e templos suntuosos estão isentos de tributação?

Como falar em Estado de direito num país onde o poder paralelo desafia claramente o poder constituído e as leis "não pegam"?

Difícil pensar em democracia num país em que negros, pobres, mulheres e homossexuais precisam de leis específicas que os protejam do ódio de grupos extremistas?

Muito difícil entender uma nação que não prioriza a educação e deixa seus jovens entregues à própria sorte, à criminalidade, às drogas e ao aliciamento dos donos do poder paralelo.

Rezemos pelo nosso país. Não só pelo fato de nossa crença não estar representada na abertura oficial dos jogos. Isso não abala nossa fé e não nos diminui em nada. Mas rezemos pela mentalidade daqueles que acham todas essas coisas normais, pois o que é normal demais acaba se tornando doentio.

Douglas Fersan