terça-feira, 13 de janeiro de 2009

DE$DE QUANDO E ATÉ QUANTO?

Estou na Umbanda a pelo mesmo 5 anos. É um tempo irrisório se comparado a alguns irmãos que estão a 20, 30, 40 anos, ou que simplesmente nasceram dentro de um terreiro.
Durante todo o tempo que freqüento esta religião que amo, sempre ouvi que a Umbanda é caridade. Não se cobra por trabalhos, passes ou ajuda espiritual de qualquer natureza.
Mas o que me faz escrever este artigo são duas coisas que me chamaram a atenção:
1º) Num Chat de discussão sobre Umbanda, um irmão nosso disse que, determinado terreiro cobrava R$ 40,00 por atendimento.
2º) No mesmo dia meu cunhado aparece na minha casa com o CD do saudoso sambista Bezerra da Silva, tocando a música “Pai Véio 171”.
Tudo bem, que tal artigo pode causar polêmica por parte de alguns que defendem a cobrança, mas digo e repito que sempre aprendi que devemos dar de graça o que recebemos de graça.
Recebemos gratuitamente do plano espiritual a missão de médiuns de Umbanda, porque cobrar daqueles que necessitam de ajuda?
Percebi ouvindo a música, que foi escrita na década de 70, que muitos marmoteiros já usavam de sua missão de mediunidade para dar golpe em pessoas desavisadas e menos esclarecidas com os preceitos da religião.
Para quem não sabe do que estou falando reproduzo um trecho da música:

Quê falá com pai véio vem agoraPorque pai véio já quê isse embora (2x)I mai meu fio tú tá todo macumbadoAs piranhas estão te devorandoNão tem um lugar nem prá dormirE ainda meu fio mora andandoEscute o que o véio vai falaE num papé tú vai iscrivinhandoÓi mai me traga oito quilo di feijãoDeis galinha bem gorda e bem peladaDeis quilo de arroz e macarrãoE deis lata de doce de marmeladaDeis garrafa de vinho do bonzãoE a tua mironga tá curadaI mai me traga também um bi e meioQue meu fio vai ganhá grande tesouroVai ser o maior dos fazendeirosVai vendê muita vaca e muito touroSe meu fio não tivé dinheiro vivoPode ser cheque verde ou cheque ouroI meu fio mai tú vai na paz de DeusQue agora meu fio tá seguroE vai ganhá tudo o que perdeuPai véio vai te dá grande futuroSe voltá contando ao povo t'euPor favor não me traga ninguém duro.

Se prestarem atenção na letra, veremos que é um abuso descarado, uma exploração à fé do cidadão que procura por auxilio.
Agora pergunto, desde quando, pessoas de índole duvidosa deturpam os fundamentos de nossa religião e com isso conseguem colocar nossa imagem na lama?
Hoje, somos agredidos de diversas formas. É a sociedade civil, as igrejas neopentecostais, a imprensa e outros tantos, mas desde quando esse abuso dentro de diversos terreiros espalhados por nosso Brasil, não procedeu da mesma forma que o tal Pai Véio 171?
Na crítica bem humorada do genial Bezerra da Silva, já havia um alerta para o que ocorria dentro de alguns terreiros, geralmente localizado nas periferias das grandes cidades, que abusavam da população que procurava tais locais em busca de ajuda.
Meu pequeno artigo só vem alertar a aqueles que fazem uso de sua mediunidade, de seus terreiros e de suas casas, que deveriam ser de caridade, e usam em benefício próprio, que façam sem manchar o nome de nossa religião. E que tenham consciência que a todos vocês podem enganar, mas aos seus guias, aos nossos amados Orixás e ao nosso Divino Criador Olorum, não há como enganá-los.
Alerto ainda que, a Justiça e a Lei Divina são implacáveis quanto ao uso de sua missão para benefício próprio e prejuízo de outrem.
Peço que este artigo sirva de alerta para aqueles que praticam tais atos, e que o quanto antes corrijam sua postura. Peço ainda que, este artigo sirva também de alerta para aqueles que procuram os terreiros de Umbanda, saberem que nossa religião é pautada na caridade, e que não cobramos por consultas, passes ou atendimentos, não fazemos amarração para o amor, não trazemos de volta a pessoa amada. E como religião temos o objetivo comum a todas as religiões, aproximar o homem de Deus, fazer o bem e a caridade por simples amor ao próximo.

Jairo Pereira Jr.
Professor de Economia e Matemática
35 anos, casado, 1 filha e Umbandista


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