sábado, 8 de fevereiro de 2014

Filhos de umbandistas - por Douglas Fersan


Nós umbandistas temos uma grande responsabilidade nas mãos. Apesar do Brasil ser oficialmente um país laico, suas instituições, incluindo as escolas, serem laicas pela lei, sabemos que não é bem isso o que acontece. Temos plena consciência de que não somos a maioria na sociedade e, justamos por sermos minoria, é que temos que saber como nos defender. Orientar nossas crianças é fundamental, para que não sejam vítimas de preconceito ao declarar a sua religião ou a religião de seus pais.
Assim como o negro deve assumir com orgulho a sua negritude, assim como como estrangeiro deve assumir a sua identidade cultural diversa, assim como o homossexual deve assumir sem medo a sua condição, nós umbandistas também devemos assumi - e com muito orgulho - a nossa religião.

Alguns dirão que não assumem porque a sociedade é preconceituosa. Pois esse preconceito ficará cada vez mais forte enquanto nos escondermos sob esse argumento.  Filhos de umbandistas não precisam esconder a religião que seus pais praticam. E não devem (e nem podem) ser discriminados por isso.  Portanto, já passou do tempo de orientarmos nossos filhos quanto a isso. Quanto a se defender da ótica preconceituosa que lançam sobre nós.  É preciso orientar as crianças sobre como agir em caso de preconceito.  Aliás, não somente em relação ao preconceito, mas caso sejam aliciadas e/ou intimidadas por seguidores de outras religiões.

Jamais vou exigir que meu filho seja umbandista. Essa será (ou não) uma opção dele. Mas também não quero que o tentem converter a outra religião. Isso também será opção dele.  Mas enquanto estiver sob a minha tutela, como pai vou ensinar os meus valores. Vou ensinar que existe um Deus supremo, seus orixás e entidades que trabalham para o bem.  Assim como o católico leva o seu filho à missa, vou levar o meu á gira, para que ele saiba o que o pai dele faz. E mais, para que saiba que o que o pai dele faz não é errado e nem coisa do demônio, como certamente alguém dirá a ele um dia. E quero que ele tenha argumentos para se defender e para me defender.

Acredito que ensinar que nossa religião é voltada à prática do bem e da caridade e que visa a própria evolução enquanto ser humano, é primordial. Se tento ensinar aos meus filhos-de-fé o quanto a Umbanda é uma religião bonita, por que não farei isso com o meu filho de sangue?  Sinto-me no dever de mostrar isso a ele. E isso não significa impor valores, significa mostrar a realidade que vivo.

Se o católico manda seus filhos para o catecismo, se o protestante manda os seus para a escolinha dominical, por que não posso ensinar ao meu filho a beleza da minha religião?  E mais que isso, deve ensiná-lo a se defender do preconceito que terão sobre ela e sobre quem a pratica.  Tenho que ensiná-lo que a escola é laica e não pode tratar a nossa religião como folclore.  Tenho que ensinar que o Estado e todas as suas instituições são laicas.  Tenho que ensiná-lo através do exemplo que sou umbandista e que isso me ajuda a ser uma pessoa de bem e que faz o bem, para que ele cresça acreditando na própria potencialidade de trabalhar na prática do bem, sendo umbandista ou não.

Douglas Fersan
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