O preto velho então começou a falar disse assim:
_Você precisa seguir o seu caminho de luz, meu filho. Tem que parar de ser egoísta, se desprender das coisas materiais, precisa parar de se divertir e sentir prazer com o sofrimento dos outros, isso só te empurra cada vez mais para o fundo do poço. Precisa elevar a alma, rezar, pedir clemência a Deus e perdão pelos seus pecados. Precisa largar os vícios mundanos, da bebida, do fumo, do sexo. Precisa deixar as pessoas em paz e cuidar mais do seu crescimento espiritual.
Educadamente o homem ouviu aquilo, mas ficou surpreso, pois não fazia aquelas coisas. Não era egoísta, não era apegado às coisas materiais não se divertia com o sofrimento alheio e nem tinha vícios. Mas como era muito educado, não discutiu com o preto velho. Apenas ouviu, agradeceu e foi embora.
No entanto, a partir desse dia sua vida melhorou. A partir daí a harmonia tomou conta do seu lar, a saúde se restabeleceu, os caminhos se abriram.
Passado um tempo, foi convidado a voltar ao mesmo terreiro de Umbanda. Novamente aceitou e foi de boa vontade. Lá chegando foi outra vez atendido pelo mesmo preto velho, que pitava silenciosamente em seu banquinho.
Ao iniciar a conversa, antes que o homem dissesse qualquer coisa, o preto velho perguntou:
_As coisas melhoraram, meu filho?
_Sim - respondeu o homem educadamente.
_Pois é, meu filho - disse o preto velho - naquele dia em que conversamos você achou nada do que eu dizia estava certo, que não tinha a ver com o que você estava passando. O filho só não entendeu que não era com você que eu conversava, e sim com o obsessor que estava ao seu lado, atrapalhando a sua vida.
Agradecido, o homem não conseguiu conter as lágrimas e humildemente beijou as mãos do preto velho.
Fica aqui uma dupla lição de humildade.
Texto adaptado - ouvi de um amigo de um amigo meu.
Douglas Fersan
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