terça-feira, 15 de julho de 2014

Crítica ao livro "Sàngó", de Douglas Fersan - por Manoel de Contré


Imagine uma história começada na Europa, entre as viagens e desventuras do povo cigano. Imagine uma trama envolvendo amor, traição, magia, crime e injustiças. Imagine agora o Brasil colonial, com a estrutura escravagista e toda a crueldade que ela carregava consigo. Imagine o encantamento de um jovem europeu aprendendo a magia dos orixás junto aos negros escravos. Imagine toda a ira do Rei Xangô diante das injustiças cometidas contra um povo. Imagine então as regiões mais densas do mundo espiritual e a luta dos guardiões Exus contra os seres das trevas. Imagine a luz e a compreensão de uma existência e seus resgates.

Tudo isso você encontra em um único livro: Sàngó, de Douglas Fersan.

Poucas vezes é possível ler um livro que nos faça entender através de uma narrativa de amor e aventura a filosofia que rege a espiritualidade. Douglas Fersan consegue transmitir essa mensagem sem se tornar cansativo ou enfadonho. Ao contrário disso, prende a atenção da primeira à última página.

O grande mérito de Douglas Fersan nessa sua terceira obra é informar sem a pretensão de doutrinar. Ao contrário de grande parte de escritores que perambulam por essa seara, o autor mostra a sua visão - a visão da Umbanda ritual que pratica - sem tentar impô-la como verdade absoluta. 

Douglas Fersan não é um doutrinador: é um sacerdote de Umbanda, de uma casa simples (Lar de Preto Velho, em São Bernardo do Campo), mas honesta e verdadeira. Não usa a oratória e o dom da escrita como arma de convencimento, mas sabe aliar muito bem sua formação acadêmica em História, Sociologia e Pedagogia para articular as ideias e informar sem deformar. Em outras palavras, estabelece um diferencial: entretém e informa sobre a Umbanda Sagrada, mas sem a pretensão de ser um arauto dessa filosofia.

Com seu primeiro livro, "Um Conto da Bahia", já havia mostrado o seu talento, mas com essa terceira obra, "Sàngó", deixou claro que é um mestre na arte de escrever, compreender e transmitir seus conhecimentos sobre a espiritualidade. 

"Sàngó" é um livro que eu indicaria, sem a menor restrição, aos meus filhos.

Manoel de Contré.

Adquira o livro no link Sàngó 

Nenhum comentário: